A apresentadora e atriz Giovanna Ewbank, 33 anos, é mãe adotiva de duas crianças negras, Títi e Bless, nascidas em Maláui (África). Ela se emociona ao falar sobre o racismo. “Isso me toca muito, ouvir de alguém que sofre esse problema na pele…”, disse, enquanto leva as mãos aos olhos para secar as lágrimas, durante entrevista à colunista Mônica Bergamo, do jornal “Folha de S.Paulo”. “Nunca vou saber o que é passar por um preconceito como esse. Mas tenho filhos que vão passar…”.
“É muito importante a gente ser antirracista”, prosseguiu. “E vou fazer tudo que puder para combater isso. Independentemente de eu levar porrada por isso, se falarem que não é o meu lugar. Tenho dois filhos negros e vou combater isso de todas as maneiras que eu puder. Quero que eles sejam fortes e tenham orgulho, batam no peito e vão pra cima. Não quero que se amedrontem.”
O casal já entrou na Justiça contra ofensas racistas à filha mais velha, nas redes sociais. “Eu e o Bruno temos isso muito certo na nossa vida. Se for pra gente levar porrada, vamos lá”, continuou. Ela diz que, mesmo seus filhos sendo pequenos, tenta aproximá-los de temas do dia-a-dia: “É importante mostrar saídas para esse mundo cruel em que vivemos. Para que eles cresçam com pensamentos, que eu vejo como importantes, sobre racismo e o papel da mulher na sociedade”.
A atriz também desabafou que sempre se incomodou por ser lembrada como a esposa de alguém, e não por seus próprios méritos: “Isso acontece até hoje. Sempre falam que eu estou onde estou porque sou casada com o Bruno. “Ainda existe essa coisa da mulher não ser como o homem, e que mulher é sempre burra. Principalmente com o meu estereótipo, de loira, e com o biotipo que eu tenho.”
“Mas, olha… se quiserem falar, que falem. Isso já me atingiu muito. Antes, sofria sozinha”, afirmou. “Mas, agora, a gente tá num momento de debater essas questões. Nós, mulheres, estamos num lugar de poder apontar o dedo e falar o que está errado. De nos respeitar e apoiar uma à outra. E apesar do retrocesso que a gente vê na sociedade, existe essa nova geração que luta e bate no peito. Quero que a minha filha seja assim, forte, e que não se amedronte como eu me amedrontei”.
“Momento libertador”
Giovanna contou, ainda, que está em um momento “libertador” de sua vida. Fala as coisas que pensa, sem ficar “em casa, com medo do que vão comentar”. E o estopim disso, atribuiu, foi ter participado de uma palestra on-line sobre maternidade, em setembro. O vídeo, disponível no YouTube, já tem mais de 360 mil visualizações. Por que adoção?
“Como que uma mulher vem ao mundo e não quer gerar um ser do seu ventre? E os filhos de vocês vêm quando? Como é linda sua filha. Ela tem mãe? Como seus filhos são fofos. Eles têm família? Essas são algumas das perguntas que uma mãe que não tem um filho biológico escuta todos os dias”, disse a atriz no começo da conferência.
“Durante muito tempo, fiquei digerindo os questionamentos na minha cabeça, os preconceitos. Ouvi muitas coisas que me feriram e que ainda me ferem”, disse Giovanna sobre o evento virtual. “Foi libertador poder vomitar tudo aquilo e desabafar sobre tudo o que eu passo todos os dias. É na escola [dos filhos], é na rua.”
Nesta semana, ela embarcou para Manchester, na Inglaterra, onde vai passar alguns dias gravando a versão brasileira de “The Circle”, um reality-show de redes sociais”, conforme define. Ela será a apresentadora do programa, que deve estrear na Netflix no primeiro semestre de 2020. “Isso é super sigiloso”, avisou.