Ícone do site Jornal O Sul

Mãe foge da guerra com filho que tem leucemia: “Ficamos sem antibióticos”

Nikita, de 4 anos, tem síndrome de Down e leucemia. (Foto: Arquivo pessoal)

Nikita Synytsky, de 4 anos, passou os primeiros dias da guerra na Ucrânia em um abrigo antibombas, no subsolo de um hospital da capital, Kiev.

A cada sessão de quimioterapia ou transfusão de sangue, o menino, que tem síndrome de Down e leucemia mieloide aguda, subia lances e mais lances de escadas com sua mãe, a também ucraniana Tatiana Pakhaliuk, até a enfermaria.

Na quarta-feira (2), os dois conseguiram fugir da cidade – alvo de ataques russos – em um ônibus com outras 20 crianças do setor de oncologia. Passaram por Lviv, no oeste do país, atravessaram a fronteira para a Polônia, pela vila de Medyka, até chegarem, nesta sexta (4), a um hospital em Gdansk.

Ao portal de notícias G1, por mensagens de texto, Tatiana contou que Nikita “não se sentiu muito bem” após a travessia dramática.

“Meu filho está cansado. Não havia [no ônibus] estrutura médica alguma: apenas motorista e passageiros. Não tínhamos nem antibióticos, porque os organizadores esqueceram”, escreveu.

Nervosismo

Mesmo depois de serem recebidos no Centro Clínico Universitário em Gdansk, onde Nikita poderá continuar o tratamento quimioterápico, o nervosismo persiste.

“Ainda estamos tensos. Na estrada, em Lviv, foi muito difícil”, disse a mãe do menino.

Não havia um “comboio médico” os esperando para continuar o trajeto – foi uma busca incessante por transporte, até “pessoas de boa vontade” oferecerem um novo ônibus que os levasse ao hospital.

Outras duas filhas

Tatiana tem mais duas filhas, de 6 e 14 anos, que estavam abrigadas com o pai no estacionamento de um prédio na Ucrânia. Não era possível sair de lá e fugir, porque a gasolina do carro havia acabado.

Ao pedir ajuda nas redes sociais, a mãe encontrou uma família na Polônia que aceitou receber os três.

Entre deixar as filhas com desconhecidos ou mantê-las em um país em guerra, Tatiana optou pela primeira opção. É mais provável que elas sobrevivam assim, pensou.

Agora, o foco é garantir o sucesso no longo tratamento de Nikita contra a leucemia. Depois disso, a família poderá seguir em frente, contou Tatiana.

“Estou procurando uma oportunidade para ir para bem mais longe.” As informações são do portal de notícias G1.

Sair da versão mobile