O mais poderoso dos empreiteiros alvos da Operação Lava-Jato, Marcelo Odebrecht, completou ontem cem dias encarcerado. Nos meios jurídico, político e empresarial, a efeméride é considerada um marco.
Marcelo Odebrecht, 46 anos, foi detido em sua casa no bairro Morumbi, em São Paulo, no dia 19 de junho deste ano. Seu primeiro pedido aos policiais da PF (Polícia Federal) foi ter acesso ao mandado expedido pelo juiz federal Sérgio Moro, que conduz os processos da Lava-Jato, em Curitiba (PR). Nas redes sociais, imediatamente, uma bolsa de apostas informais começou a funcionar. Diziam que o empresário não ficaria preso mais do que um fim de semana. Sua prisão foi o maior desafio enfrentado até o momento pela força-tarefa do MPF (Ministério Público Federal). Chamado pelos empreiteiros do esquema de “príncipe”, nem mesmo os investigadores acreditavam que ele ficaria por longo período encarcerado. Colocá-lo atrás das grades foi mais do que chegar a um líder do cartel. Sua prisão teve papel simbólico. “A lei deve valer pra todos, ou não valer pra ninguém”, disse o procurador da República Carlos Fernando Lima.
Dono da 9 maior fortuna do País, avaliada em 13 bilhões de reais, Marcelo Odebrecht é acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa em contratos da Petrobras. Ele nega as acusações.
Cela adaptada
No dia 25 de julho, Odebrecht e os outros cinco executivos da empreiteira foram transferidos para o Complexo Médico-Penal, em Pinhais, região metropolitana de Curitiba (PR). A unidade de prisão estadual tem acomodações mais espaçosas e um de seus principais problemas, o banho gelado, foi resolvido. Foi instalado um sistema de aquecimento para os banhos na unidade.
A cela de Marcelo Odebrecht foi transformada por ele em escritório e academia. O empresário faz step (subir e descer degraus) de improviso na estrutura de concreto de seu “quartinho”, abdominais e flexões. Ele também passa parte do dia fazendo anotações. São orientações aos advogados, análises das peças dos processos da Lava-Jato, que ele lê e relê atentamente, indicações de argumentos, pontos a serem questionados em juízo, táticas de publicidade e relação com a imprensa. (AE)