Terça-feira, 21 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 15 de fevereiro de 2023
Entre eleitores de Bolsonaro no segundo turno, 80% entendem que o ex-presidente nada teve a ver com as invasões
Foto: Marcelo Camargo/Agência BrasilPassado pouco mais de um mês dos ataques às sedes dos Três Poderes em Brasília, ocorridos em 8 de janeiro deste ano, mais da metade da população (51%) acredita que o ex-presidente Jair Bolsonaro influenciou de alguma forma as invasões. É o que revela nova pesquisa da Genial/Quaest feita entre os dias 10 e 13 de fevereiro com entrevistas presenciais. Outros 38% não veem qualquer tipo de envolvimento do discurso do ex-presidente com o quebra-quebra.
No quadro geral, a ampla maioria (94%) reprova a depredação, contra somente 4% que se disseram favoráveis e podem ser considerados parte da ala mais extremista do espectro político nacional. Mesmo assim, entre eleitores de Bolsonaro no segundo turno, 80% entendem que o ex-presidente nada teve a ver com as invasões, contra 13% que viram uma conexão entre o discurso dele e a destruição. Em outras palavras, a pesquisa informa que deu certo, ao menos para a base bolsonarista, a estratégia de descolar o ex-chefe do Executivo da ação criminosa na Praça dos Três Poderes.
Não se veem
Bolsonaristas também não se veem nos ataques: 81% deles dizem que os manifestantes envolvidos são radicais e não representam a militância do ex-presidente, enquanto apenas 11% dizem que há uma conexão. Por outro lado, 64% dos eleitores de Lula entenderam que eram bolsonaristas os invasores, enquanto 27% afirmam que eles eram “radicais” somente.
Se Bolsonaro sai mais arranhado, Lula vai melhor no pós-8 de janeiro. Para 72% dos entrevistados, o petista saiu mais forte após o episódio, enquanto só 14% o veem mais fraco. A maioria da população também viu intenções de quebra da ordem democrática no 8 de janeiro: para 54%, o objetivo era tirar Lula do poder à força, enquanto que, para 40%, o episódio foi apenas um protesto contra o novo governo.
Contra os ataques
Os números da Quaest se aproximam dos captados pelo Datafolha em pesquisa feita por telefone entre 10 e 11 de janeiro. Na ocasião, 93% se disseram contrários aos ataques ocorridos na capital federal — taxa que baixa para 86% entre os eleitores que declaram ter votado em Bolsonaro no segundo turno.
Contratada pelo banco Genial, a Quaest entrevistou presencialmente 2.016 pessoas maiores de 16 anos, entre 10 e 13 de fevereiro, em 120 municípios. A margem de erro é estimada em 2,2 pontos percentuais para mais ou menos, para um intervalo de confiança de 95%.
Demografia
O instituto mostra que a discordância com os atos foi maior entre os homens (76,7%); cidadãos com Ensino Superior (78,3%); com idade entre 16 e 24 anos (80,2%), entre 35 e 44 anos (79,8%) e acima de 60 anos (78,4%); com renda familiar mensal entre R$ 3 mil e R$ 5 mil (88,4%); e das regiões Nordeste (88,8%) e Norte (76,6%).