Sábado, 26 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 7 de outubro de 2021
Em setembro deste ano, 58% dos municípios brasileiros não registraram mortes por covid-19, o maior percentual desde maio de 2020. É o que mostra um levantamento com dados tabulados pelo pesquisador Wesley Cota, da Universidade Federal de Viçosa.
Foram 3.274 cidades sem notificação de mortes no último mês, um aumento de 31,8% em relação às 2.484 de agosto.
O que mais o levantamento mostra:
— a maior parte dos municípios sem mortes tem menos de 10 mil habitantes: são 1.884 nessa faixa populacional (57,5% do total);
— a cidade mais populosa sem mortes registradas em setembro de 2021 é São José de Ribamar (MA), com 179.028 habitantes;
— ao todo, 13 municípios com mais de 100 mil habitantes não informaram mortes no mês;
— a região Nordeste teve o maior percentual de municípios sem mortes em setembro.
Ao todo, 1.249 municípios do Nordeste não notificaram mortes no último mês, o equivalente a 38% do total. No Sudeste, foram 789 sem óbitos (24% do total).
Mortes em queda
Os dados mostram que 43% dos municípios registraram queda na média diária de mortes por covid-19 em setembro quando comparado ao mês anterior.
Ao todo, 2.389 cidades brasileiras tiveram redução na média diária de óbitos no último mês em relação a agosto.
Em 2.316 municípios, 42% do total, a média se manteve no mesmo patamar.
“Pior já passou”
Para o epidemiologista Pedro Hallal, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), os dados indicam que a pandemia está chegando a uma nova etapa.
“Esse resultado sugere que o pior momento da pandemia já passou, especialmente em decorrência do avanço da campanha de vacinação no Brasil”, afirma.
“No momento atual, o nosso maior inimigo é a variante delta — se conseguirmos evitar que a variante delta gere um novo aumento de caso, estaremos muito próximos de vencer a pandemia, caso a vacinação continue avançando.”
O infectologista Alberto Chebabo, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, afirma que o aumento dos municípios sem registro de mortes é resultado do rápido avanço da vacinação no Brasil.
“Isso acontece por causa da vacinação rápida”, afirma. “A gente começa a ver os efeitos provocados pelo aumento da capacidade de proteção. Porque a cobertura vacinal da população provavelmente avança mais rápido nos municípios menores, principalmente dos grupos mais vulneráveis. Com isso você tem um menor número de casos graves e obviamente isso tem impacto nas mortes.”
De acordo com ele, essa tendência deve se manter.
“Nos próximos meses certamente a gente vai ter cada vez mais municípios com zero mortes. As grandes cidades vão precisar de um tempo maior para que isso aconteça, onde você tem um maior adensamento e até talvez um número maior de pessoas que não se vacinaram. Mas certamente isso está relacionado à vacinação e vai se manter nos próximos meses.”