Quarta-feira, 05 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 18 de junho de 2024
Mais da metade (54,3%) dos alunos brasileiros de 15 anos apresentou um baixo nível de criatividade ao tentar solucionar problemas sociais e científicos apresentados em uma prova internacional de conhecimentos. O dado foi divulgado nessa terça-feira (18) pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
O Pisa (sigla em inglês para “Programa Internacional de Avaliação de Estudantes”), uma das mais importantes avaliações de educação do mundo, tradicionalmente, mede os conhecimentos de alunos de escolas públicas e particulares em matemática, ciências e leitura.
Desta vez, no entanto, o Pisa foi além de mostrar se os jovens sabem identificar figuras geométricas ou entender textos longos. A prova, aplicada em 2022 (com atraso, por causa da pandemia), passou a mensurar também a criatividade dos participantes: eles conseguem sugerir soluções originais para uma situação-problema? São capazes de usar a escrita e a arte para representar uma nova ideia? Têm imaginação para criar histórias curiosas e fora do padrão?
Entre os 56 países participantes (membros da OCDE e parceiros), o Brasil ficou no fim da lista, na 44ª posição, atrás de outras nações latino-americanas, como Uruguai, Colômbia e Peru.
Em uma escala de 0 a 60, o Brasil somou 23 pontos (10 abaixo da média da OCDE). Houve uma diferença significativa, de 11 pontos, entre o desempenho dos alunos brasileiros mais pobres (19 pontos) e dos mais favorecidos economicamente (30 pontos).
Entre as áreas de criatividade avaliadas no Pisa, a que teve menor taxa de sucesso no Brasil foi a de resolução de problemas científicos. Abaixo do Brasil no ranking, estão apenas: Arábia Saudita, Panamá, El Salvador, Tailândia, Bulgária, Jordânia, Macedônia do Norte, Indonésia, República Dominicana, Marrocos, Uzbequistão, Filipinas e Albânia.
Nos níveis 1 e 2 de criatividade, que são os mais baixos do Pisa, estão 54,3% dos alunos brasileiros. Isso significa que eles conseguem apenas fazer desenhos isolados e simples, dentro de assuntos ligados ao cotidiano e apresentam ideias óbvias e têm dificuldade de propor mais de uma solução para um problema.
“É importante destacar que a criatividade não é um dom, mas sim uma competência que precisa ser desenvolvida na escola”, afirma Patricia Mota Guedes, superintendente do Itaú Social.
As 32 perguntas de criatividade avaliavam a capacidade de expressão escrita e artística, além da habilidade de solucionar problemas sociais e científicos.
Veja um exemplo dos critérios de correção: a questão abaixo, que estava na prova, pedia que o aluno criasse três títulos diferentes para a imagem de um livro enorme em um jardim.
Um aluno de nível 1 ou 2, por exemplo, apresentaria ideias mais simples e literais de título, muito parecidas entre si, como: “O livro grande”, “O livro gigante” e “Um livro gigante no campo”. Já as respostas criativas, de alunos dos níveis mais avançados, trariam adjetivos menos óbvios e mais variados, como “A árvore solitária”, “A história perfeita” e “A trilha escrita”.
Confira os países que fazem parte do top 10 de criatividade:
Média geral da OCDE: 33 pontos
Em todos os países participantes, os alunos com maior status socioeconômico tiveram melhor desempenho em pensamento criativo do que os menos favorecidos. Em média, a diferença foi de 9,5 pontos. As meninas tenderam a ser muito mais criativas que os meninos no Pisa – 31% delas e 23% deles conseguiram atingir o nível 5 de proficiência (considerado alto).
Alunos que participam de atividades de artes, teatro, escrita criativa e programação ao menos uma vez por semana costumam ter desempenho melhor do que os demais. O incentivo dos professores e a valorização da criatividade pelas escolas também aparecem como elementos importantes para os alunos, segundo o questionário aplicado pelo Pisa. As informações são do G1