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Mundo Mais de 150 mil ucranianos fogem por dia para países vizinhos

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Em 2015-2016, quase 1 milhão de pessoas procuraram asilo na maior economia da Europa. (Foto: Reprodução)

À 1h da manhã, Uliana, de apenas 4 anos, protesta de ser acordada e ter que colocar roupa para suportar a temperatura de 0ºC que faz na estação de trem de Przemysl, na Polônia, porta de entrada de metade dos mais de 3 milhões de refugiados que já deixaram a Ucrânia nos últimos 22 dias de conflito. Sua mãe, Viktoria Yaremenko, de 24 anos, suspira com a sensação de estar em solo seguro.

“Bem… agora sou oficialmente uma refugiada; ninguém quer chamar a si mesmo de refugiado, mas certamente me dava muito mais medo permanecer na minha cidade, próxima a Sumy, do que enfrentar esta viagem”, conta.

Órfã desde a adolescência e trabalhando em uma empresa de suporte técnico internacional, Viktoria, ou Vika, como prefere ser chamada, é mais uma personagem de um dos maiores êxodos da história gerado pela invasão russa na Ucrânia. Além dos milhões de refugiados que se espalham pela União Europeia (UE), a agência da ONU para refugiados (Acnur) calcula em 1,85 milhão de pessoas deslocadas internamente na Ucrânia, além de 12,65 milhão de afetados diretamente pelo conflito.

A maioria dos deslocados concentram-se em Lviv, sexta maior cidade ucraniana, localizada no oeste do país e ponto de passagem para muitos, e porto seguro para outros tantos.

“Lviv está segura agora, mas de verdade nenhuma cidade na Ucrânia está a salvo de Putin”, lamenta Saida Slobodianuk, ex-moradora da antiga capital da Ucrânia soviética, Kharkiv, que há 22 dias é alvo de intensos bombardeios, fuga massiva da população, e muitos dos que permaneceram, vivendo permanentemente nos túneis do metrô da cidade.

“Kharkiv está completamente destruída; o centro histórico, nossa universidade Karazin; nos últimos cinco anos estava se tornando uma cidade muito bonita e agora só lembramos do som das bombas”, conta.

Na última semana, Veronika Ognieva havia fugido de Irpin com a mãe, atravessando a precária pinguela montada sob a antiga ponte que a liga com Kyiv, destruída pelo exército ucraniano para conter os russos.

Após 7 horas na fila, ela ainda aguardava sua vez de retirar uma passagem gratuita para a Polônia em companhia somente da mãe. O pai, como todos os homens ucranianos entre 18 e 60 anos, impedidos de deixar o país, ficou para defender a capital.

“A cidade se tornou perigosa demais para qualquer um ficar; deixamos para trás nossa casa, dois carros, uma vida confortável e agora nem mesmo sabemos qual trem tomar ou quando chegaremos na Polônia; espero somente chegar na Finlândia, onde amigos poderão me receber”, conta, visivelmente cansada.

Jornada

Pouco a pouco a composição pós-soviética vai se enchendo de mulheres, idosos e muitas crianças, que entram após passar pelo controle de militares fortemente armados que procuram os chamados sabotadores russos, lembrando que este é um país em guerra.

A espera, no entanto, se alonga. As crianças brincam e correm pelo estreito corredor, em clima de férias estendidas. “Não passam nenhuma informação para ao menos nos programarmos, é um horror”, reclama Viktoria conforme passam as horas com o trem parado no meio de algum ponto próximo à fronteira. Os poucos banheiros formam filas e acumulam fraldas – a situação exige que os bebês sejam trocados em meio aos bancos –, absorventes e lixo.

Após 2 horas parado, a viagem segue até uma nova parada no último posto de fronteira da antiga URSS. Os passageiros descem para uma enorme fila para doação de alimentos, chá e água distribuídos no prédio de visual soviético. Após quatro horas de nova espera sem informações, as crianças vão cansando enquanto chega a noite e as temperaturas caem para 0ºC. Poucos continuam fora do trem abafado.

Após 12 horas de viagem para percorrer os 95 km que separam Lviv de Przemysl, os refugiados desembarcam na Polônia, onde são recebidos com alimentos, brinquedos, chá quente, bebidas e artigos de higiene, frutos de doação.

Não há local nenhum para permanecer na cidade; os abrigos estão todos lotados, assim como hospedagens; recebemos nas últimas semanas mais de 10 vezes a população da cidade, é o colapso completo” alerta um voluntário que recomenda que todos tomem o primeiro trem disponível.

Agora acompanhada da nova amiga Liza e seu filho, Viktoria embarca para Katowice de onde espera chegar a Gdansk, no norte da Polônia. Deixa a cidade fronteiriça com um sorriso cansado e a esperança de retomar a vida em segurança para Uliana e seu gato.

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https://www.osul.com.br/mais-de-150-mil-ucranianos-fogem-por-dia-para-paises-vizinhos/ Mais de 150 mil ucranianos fogem por dia para países vizinhos 2022-03-20
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