Quinta-feira, 30 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 30 de janeiro de 2025
Os números mostram um aumento de 16,5% em relação ao ano anterior, quando foram registrados 1,45 milhão de novos postos de trabalho.
Foto: ABrO Ministério do Trabalho e Emprego divulgou nesta quinta-feira (30) que foram criadas mais de 1,6 milhão de vagas com carteira assinada no país em 2024. No total, foram 1.693.673 postos gerados. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
Os números mostram um aumento de 16,5% em relação ao ano anterior, quando foram registrados 1,45 milhão de novos postos de trabalho.
Primeira alta desde 2021
Essa é a primeira vez em que há aumento na geração de emprego (ou seja, o total de vagas criadas cresce em relação ao ano anterior), desde 2021, no pós-pandemia. O resultado ficou abaixo de 2021 e 2022, quando o saldo entre demissões e contratações ficou acima de 2 milhões de vagas criadas.
Para Rodolpho Tobler, economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), o retrato do mercado de trabalho formal no ano passado é positivo e deve ser considerado, a despeito da desaceleração no fim do ano.
“O resultado mostra que a retomada consistente do trabalho formal reverberou no consumo e em salários maiores. Estamos falando de maior poder de compra por parte da população”, analisa.
Dados anuais apontam que a maior parte das vagas foram criadas na região Sudeste (779 mil), seguido das regiões Nordeste (330 mil) e Sul (297 mil). A maioria dos postos criados estiveram concentradas no setor de serviços, que absorveu 929 mil trabalhadores. Comércio, indústria e construção tiveram um saldo positivo de 336 mil, 306 mil e 110 mil vagas, respectivamente.
“Em serviços, que é o grande motor na geração de vagas, o destaque foram as atividades administrativas e serviços complementares. Esse segmento foi responsável por um terço das vagas no setor. São serviços de escritório, de apoio administrativo, atividades de seleção, gerenciamento e locação de mão de obra. Comércio e indústria também apresentaram abertura significativa de vagas”, observa Lucas Assis, economista da Tendências Consultoria.
Em dezembro, porém, foi registrada uma retração nos postos de trabalho. O saldo para o mês foi de 535,5 mil vagas fechadas, no pior resultado para dezembro desde 2020, durante a pandemia de Covid-19. Historicamente, o desempenho do mês é negativo pelo padrão sazonal de vagas temporárias. Mas veio pior do que o projetado.
O que dizem analistas?
A retração maior do que o estimado não só confirma a perspectiva de desaceleração dos agentes, como vira um alerta sobre eventual necessidade de revisar os números adiante, avalia Assis, da Tendências Consultoria. Analistas já esperam que o ano de 2025 seja de perda de fôlego na geração de postos de trabalho um como reflexo do enfraquecimento da atividade econômica.
Os dados do Caged já indicavam uma desaceleração no ritmo de criação de emprego desde setembro, quando teve um saldo positivo de 252 mil vagas. Em outubro houve uma queda de 47,2% em relação a setembro, enquanto novembro registrou um saldo 19% menor que o mês anterior.
“Ainda devemos ver uma resiliência, mas a desaceleração (da abertura de vagas) vai aumentar a partir da segunda metade do ano, captando os efeitos das condições financeiras apertadas e deterioração da confiança no ambiente doméstico”, avalia o economista, que trabalha com o cenário de crescimento da economia da ordem de 1,9% este ano, uma desaceleração frente o ano anterior.
Tobler, do FGV Ibre, concorda que os números do Caged de dezembro trazem um sinal de alerta aos agentes econômicos. Ele lembra que os indicadores de confiança medidos pela Fundação, que costumam capturar viradas de ciclo, indicaram percepção mais negativa dos empresários em relação aos negócios e à demanda.
No entanto, o economista considera prematuro cravar uma desaceleração contínua do emprego nos meses seguintes:
“A gente está com um sinal de alerta, mas ainda vale um compasso de espera porque temos poucos resultados. Os números do início do ano é que vão ditar o ritmo de 2025”, concluiu.
(AG)