Um voo da FAB (Força Aérea Brasileira) trouxe 201 imigrantes venezuelanos que viviam em abrigos em Boa Vista (RR) para Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre, nesta quarta-feira (12). O avião partiu do Aeroporto Internacional Atlas Brasil Cantanhede por volta das 9h (no horário de Brasília).
O grupo é o segundo enviado ao Rio Grande do Sul. O primeiro foi para Esteio, também na Região Metropolitana. Em razão dessas transferências, o MDS (Ministério do Desenvolvimento Social) fez repasses para incrementar a estruturação da rede socioassistencial dos municípios para a acolhida dos venezuelanos. Para Canoas, foram liberados R$ 1,2 milhão. Já para Esteio, foram destinados R$ 534,4 mil.
Com esse voo, mais de 1,7 mil imigrantes já foram transferidos de Roraima para outros Estados brasileiros desde abril no chamado processo de interiorização do governo federal. Na semana passada, 408 imigrantes foram levados para as cidades de Manaus (AM), Cuiabá (MT), Brasília (DF), São Paulo (SP) e Esteio.
Segundo a Presidência da República, todos os solicitantes de refúgio e de residência que aceitaram participar da interiorização foram vacinados, submetidos a exames de saúde e estão com documentação atualizada no Brasil, inclusive com CPF e carteira de trabalho.
Retorno
Um grupo de aproximadamente cem venezuelanos embarcou em um ônibus para voltar ao país natal na manhã de sábado (08) em Boa Vista. A saída, em meio a um clima tenso e correria de imigrantes, aconteceu um dia depois de um brasileiro e um venezuelano serem assassinados durante uma confusão nos arredores de um abrigo para refugiados sem-teto.
O embarque aconteceu em um acampamento vizinho ao abrigo e foi acompanhado por representantes do Consulado da Venezuela em Roraima. Eles não quiseram conceder entrevista, mas garantiram que a repatriação dos imigrantes em ônibus fretado pelo governo Maduro foi “por livre e espontânea vontade”.
Entre os venezuelanos que embarcaram e os que decidiram ficar os relatos foram os mesmos: há um clima de tensão desde as mortes do brasileiro e do venezuelano. Eles temem conflitos semelhantes ao que aconteceu em 18 de agosto, quando acampamentos de refugiados foram atacados e queimados em Pacaraima, na fronteira com a Venezuela.
“A situação está muito crítica. Estamos correndo perigo, não dormimos bem, temos que ficar correndo para nos proteger”, disse Lenin Tamaronis, 18 anos, que decidiu regressar a Maturín, na Venezuela, com a mulher e o filho de 1 ano. “Estávamos vivendo na rua há um mês”, revelou.
Tiros contra acampamento
Os imigrantes também disseram que, na madrugada de sábado, dois homens passaram em uma moto e atiraram contra o acampamento no entorno do abrigo Jardim Floresta. Não houve feridos, mas paredes e objetos ficaram marcados. “Foram vários disparos e nós corremos para nos proteger perto do abrigo”, relatou um venezuelano que estava no acampamento durante a madrugada. “Tivemos muito medo.”