Quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 29 de maio de 2023
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul, com apoio de agentes de Santa Catarina, deflagrou nesta segunda-feira (29) uma operação para desarticular organização criminosa que aplicava o chamado “golpe dos nudes” em homens de classes média e alta de 12 Estados. Ao todo, 33 pessoas foram presas, 27 delas em solo gaúcho. O grupo chegava a aliciar adolescentes, que recebiam dinheiro (ou eram ameaçados) para produzir fotos, áudios e vídeos.
A ofensiva foi realizada simultaneamente no Estado do Rio Grande do Sul, nas cidades de Porto Alegre, Canoas, Cachoeirinha, Gravataí, Alvorada, Viamão, Tramandaí e Imbé; e em Santa Catarina, nos bairros Ingleses e Carianos, localizados na cidade de Florianópolis. Durante a ação, também foram apreendidos veículos, armas de fogo, munições, drogas, celulares, dinheiro em espécie e demais bens.
A investida contou com 150 policiais civis dos dois Estados, com reforço aéreo do helicóptero da Polícia Civil gaúcha. A ofensiva encabeçada pelo Departamento de Investigações do Narcotráfico (Denarc) teve como objetivo combater os crimes de lavagem de dinheiro, tráfico de drogas, porte ilegal de munições e armas de fogo, extorsão, receptação e corrupção de menores. Foram cumpridos mandados de prisão preventiva, de prisão temporária e de busca e apreensão, e ao menos 25 contas bancárias foram bloqueadas.
De acordo com o delegado Rafael Liedtke, titular da 2ª Delegacia de Investigação do Narcotráfico no RS, as investigações iniciaram há onze meses com a prisão em flagrante de um indivíduo em Cachoeirinha (Região Metropolitana de Porto Alegre). Com ele, foram apreendidos uma pistola e um veículo Mercedes-Benz, avaliado em R$ 160 mil.
Conforme a investigação, os criminosos entravam em contato com homens, usando perfis falsos de jovens mulheres para dar início a troca de fotos íntimas. Depois, um terceiro suspeito entrava em contato com a vítima para informar que a mulher era, na verdade, uma menor de idade. Em seguida, iniciavam as extorsões. Os homens envolvidos no esquema pagavam valores para não terem suas fotos reveladas. Um deles chegou a depositar mais de R$ 60 mil. O golpe era aplicado para financiar e manter o tráfico interestadual de drogas e armas. Mais de 80 vítimas foram identificadas em todo o País. Os criminosos podem ter lucrado mais de R$ 450 mil.
Um dos líderes da organização, que se trata de um dos braços de uma das facções criminosas de maior atuação no RS, já esteve preso em presídios da capital gaúcha, onde exerceu a função de cantineiro e fez diversos contatos com faccionados. Uma vez em liberdade, mas em razão desses contatos, arregimentava outros criminosos, geralmente recolhidos, pra ajudarem na prática do conhecido golpe dos nudes.
“O esquema era perfeitamente delineado, com vasto material que auxiliava na ilusão das vítimas e que era transmitido entre os criminosos. Para a produção do material, os investigados inclusive aliciavam adolescentes, que mandavam fotografias, áudios e vídeos sob remuneração e até mesmo sob ameaças”, disse Liedtke.
Ainda segundo a polícia gaúcha, a segunda etapa do esquema era a receptação do produto das extorsões por pessoas também aliciadas pela organização. Essas posteriormente pulverizavam o dinheiro entre laranjas, remunerados pelo grupo criminoso, até que o dinheiro voltasse para os responsáveis pelas extorsões. Os valores retornavam para os líderes, sustentando luxos destes e de seus familiares, e também eram distribuídos para outros criminosos, em sua maioria presos e que usavam do dinheiro para obter regalias nas cantinas dos estabelecimentos prisionais. Além de todos esses fatos criminosos, parte do lucro da organização criminosa retroalimentava o tráfico de drogas e de armas.