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Por Redação O Sul | 12 de setembro de 2023
Mais de 5,3 mil pessoas morreram na Líbia após uma tempestade atingir o país no domingo (10), informou a agência de notícias do país. Um representante do Crescente Vermelho, equivalente à Cruz Vermelha nos países de maioria islâmica, afirmou que cerca de 10 mil pessoas estavam desaparecidas.
“Os corpos estão por toda parte – na água, nos vales, sob os edifícios”, disse Hichem Chkiouat, ministro da Aviação Civil e também integrante do Comitê de Emergência criado após as enchentes.
As informações divulgadas pelo governo e órgãos líbios podem não ser precisas porque, desde 2011, o país está politicamente dividido entre leste e oeste. Por conta disso, os serviços públicos entraram em colapso. O governo internacionalmente reconhecido em Trípoli não controla as áreas orientais, o que dificulta a obtenção de dados na região.
A cidade de Derna, de 125 mil habitantes, foi uma das mais atingidas. Derna fica na costa da Líbia e é cortada ao meio por um rio sazonal. Duas barragens nesse rio foram rompidas pela força da água.
Devido à tempestade, as ruas foram tomadas pela água, casas foram inundadas, edifícios foram destruídos, carros acabaram virados e moradores foram arrastados.
A tempestade mediterrânea Daniel que atingiu a Líbia no domingo (10) também afetou as cidades de Benghazi, Sousse, Al Bayda e Al-Marj.
A tempestade agora está sobre o Egito. A intensidade das chuvas e do vento diminuiu, mas mesmo assim preocupa as autoridades, que colocaram o país em alerta.
A enorme quantidade de chuva na Líbia é o resultado de um sistema muito forte de baixa pressão que provocou inundações catastróficas na Grécia, Turquia e Bulgária na semana passada, deixando um total de 27 mortos. Classificada pelos cientistas como um “fenômeno extremo em termos de volume de água”, a tempestade Daniel deslocou-se para o Mediterrâneo antes de se transformar num ciclone tropical conhecido como Medicane (furacão do Mediterrâneo, em inglês).
A Líbia pediu ajuda internacional para se recuperar da tragédia. Países como os Estados Unidos e a Turquia enviaram aviões com suprimentos para o país africano.
O papa Francisco se disse “profundamente entristecido”, e o presidente da Itália, Sergio Matarella, manifestou “sentimentos de sincera participação na dor do amigo povo líbico”, enquanto a premiê, Giorgia Meloni, expressou “solidariedade e proximidade”.
Meloni também fez um telefonema com seu homólogo líbico, Abdul Dabaiba, renovando suas condolências e a solidariedade da Itália à Líbia, assegurando plena disponibilidade para as atividades de socorro e ajuda.
Uma equipe de socorro da Itália pousou na Líbia, conforme anunciado pelo vice-premiê e ministro das Relações Exteriores, Antonio Tajani.
“É composta pelo pessoal da Defesa Civil, dos Bombeiros, do comando operacional e do Ministério das Relações Exteriores, e operará, de acordo com as autoridades locais, nos territórios devastados pela tempestade”, explicou o ministro da Defesa Civil, Nello Musumeci.
Regime da Líbia
A Líbia vive um regime parlamentarista instituído na cidade de Tripoli, capital do país, sob a chancela de Abdulhamid al-Dbeibah. O governo é consequência de uma revolta popular mobilizada em 2011 com apoio da Otan contra o então líder Muammar Gaddafi.
Isso porque, em 2014, o país se dividiu em duas frentes: uma alinhada à Otan, que é reconhecida internacionalmente, e outra liderada por Osama Hamad, que controla o leste do país.
Em 2021, al-Dbeibah foi escolhido primeiro-ministro com a premissa de realizar novas eleições para todo o país. No entanto, a votação ainda não ocorreu por conta de desentendimentos entre os grupos acerca das regras do pleito. As informações são do portal de notícias G1, do jornal O Globo e da agência de notícias Ansa.