Quinta-feira, 16 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 3 de outubro de 2020
Campanha Despejo Zero foi lançada em julho
Foto: O SulMais de 6 mil famílias brasileiras foram despejadas de suas casas desde o início da pandemia de coronavírus. O mapeamento de dados sobre despejos e remoções no País foi realizado por mais de 40 entidades que integram a campanha “Despejo Zero”, lançada em julho. A iniciativa pede a suspensão desses processos enquanto durarem as medidas restritivas de combate à Covid.
“Os governos não poderiam estar, neste momento de pandemia, retirando as famílias de suas moradias, qualquer que seja a moradia em que estejam, porque a orientação mundial é que as famílias fiquem em casa. Porque você está aumentando a vulnerabilidade de famílias que já deveriam ter sido acolhidas por políticas públicas de habitação e não foram”, disse a coordenadora da equipe de urbanismo do Instituto Pólis, Margareth Uemura. O Pólis é uma das entidades que integram a campanha.
O levantamento foi feito a partir de informações colhidas entre 1º de março e 31 de agosto, por meio de denúncias, formulários on-line e banco de dados do Observatório das Remoções e de Defensorias Públicas.
“A campanha se constituiu justamente porque o governo federal, a Presidência da República, não tomou nenhuma medida de impedir que isso acontecesse. Os deputados federais fizeram um projeto de lei [PL 1.975/20], que está lá na Câmara dos Deputados tramitando justamente solicitando que esses deslocamentos, essas remoções, não sejam feitos durante a pandemia”, disse Margareth. O projeto ainda não foi votado.
Ranking estadual
O Amazonas concentra 47% dos casos, com 3 mil despejos. São Paulo também tem um grande número de famílias removidas de casa: foram 1,68 mil despejos, o equivalente a 26% do total de casos. Também foram constatadas remoções em Minas Gerais, Pernambuco, Sergipe, Roraima, Paraná, Santa Catarina, Maranhão, Rio Grande do Norte, Goiás, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
O mapeamento revelou que as principais justificativas para os despejos foram as reintegrações de posse, conflitos com proprietários e impacto devido a obras públicas. A retirada das famílias ocorreu apesar das orientações da Comissão de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas).
“Temos a OMS [Organização Mundial de Saúde] dizendo que a melhor medida é proteger as famílias e que elas fiquem em casa. E temos ainda tem a orientação da ONU, tanto do relator Balakrishnan Rajagopal, como orientação do Alto Comissariado dos Direitos Humanos para também não ter essas remoções. É [para] paralisar as remoções no período de pandemia”, enfatizou Margareth.