Mais de 9 mil pessoas foram presas em nove dias de protestos contra o racismo em dezenas de cidade dos Estados Unidos, de acordo com a Associated Press. A atual onda de manifestações começou em 25 de maio com a morte do ex-segurança negro George Floyd durante uma abordagem policial em Minneapolis.
Nesta quarta-feira (3), dia em que foram anunciadas novas acusações contra os ex-policiais envolvidos na morte de George Floyd, o clima das manifestações antirracismo nos Estados Unidos se manteve bem mais tranquilo do que nos anteriores.
Até o início da noite, milhares de pessoas marchavam pelas ruas de cidades como Washington, Los Angeles e Nova York, sem registros de incidentes, prisões ou atos de vandalismo.
As autoridades ampliaram o toque de recolher e dispersou manifestantes enquanto ainda era dia em Nova York embora um grupo ainda tenha permanecido nas ruas além do prazo estipulado sem que fosse registrado um confronto com a polícia.
Em Washington, os manifestantes voltaram a se reunir em uma quadra próxima à Casa Branca, sede do governo americano, onde na terça (2) policiais, com a ajuda da cavalaria, dispersaram um grupo para abrir caminho para o presidente Donald Trump fazer uma foto perto da igreja St. John. O ato foi tranquilo ao longo do dia, mas à noite manifestantes começaram a lançar fogos de artifício e objetos contra a cerca e os policiais responderam usando spray de pimenta.
Em Los Angeles, manifestantes fizeram um cerco à casa do prefeito e permaneceram no local horas após o início do toque de recolher. Quando os policiais chegaram, os manifestantes foram retirados e levados para um ônibus sem muito tumulto, segundo a imprensa americana.
Também houve protestos em Miami, St. Paul, Minnesota, Columbia, Carolina do Sul e Houston.
Abusos e solidariedade
Alguns policiais foram flagrados cometendo abusos durante a onda de protestos contra o racismo que se espalharam para várias cidades americanas. Em Atlanta (Geórgia), seis policiais foram indiciados por uso excessivo da força na prisão de duas pessoas participavam dos protestos. Em Kansas (Missouri), policiais usaram spray de pimenta para abordar manifestante pacífico.
Alguns agentes que estão nas ruas para conter os distúrbios, no entanto, têm demonstrado compreensão com as reivindicações. Policiais se ajoelharam, participaram de orações e abraçaram manifestantes durante atos em várias cidades americanas.
Papa Francisco
O papa Francisco considerou, nesta quarta, trágica a morte de George Floyd e afirmou que qualquer forma de racismo é “intolerável”. “Não podemos tolerar nem fechar os olhos diante de nenhuma forma de racismo ou de exclusão”, disse Francisco em sua audiência semanal.
O pontífice, porém, posicionou-se contra a violência, afirmando que “nada se ganha” com reações violentas como as registradas nos últimos dias.
George Floyd morreu em 25 de maio após ser filmado com o pescoço prensado pelo joelho de um policial branco em Minneapolis. O ex-segurança, que era negro, foi alvo da operação policial por supostamente tentar pagar uma conta em uma mercearia com nota falsa de US$ 20, segundo a imprensa norte-americana.
As imagens reacenderam a questão racial dos Estados Unidos e deram início a uma série de protestos antirracismo que tomaram conta do país. Com a comoção nacional e mundial, o policial filmado ajoelhado sobre o pescoço de Floyd foi preso e formalmente acusado de homicídio culposo (sem intenção de matar) e assassinato em terceiro grau (quando é considerado que o responsável pela morte atuou de forma irresponsável ou imprudente).
Uma primeira perícia, oficial, não indicou evidências de que Floyd morreu por asfixia. Entretanto, outras duas autópsias indicaram que, sim, o ex-segurança foi morto por sufocamento.