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Mais de 90 mil profissionais de saúde do mundo estão com coronavírus

Doença já matou mais de 260 enfermeiros, disse o Conselho Internacional de Enfermeiros. (Foto: Reprodução)

Acredita-se que ao menos 90 mil profissionais de saúde de todo o mundo estão infectados com o novo coronavírus, possivelmente o dobro disto por causa das subnotificações, em meio a relatos de escassez contínua de equipamentos de proteção, disse o Conselho Internacional de Enfermeiros (ICN) nessa quarta-feira (6).

A doença já matou mais de 260 enfermeiros, disse a entidade em um comunicado, exortando as autoridades a manterem registros mais precisos para ajudar a impedir que o vírus se dissemine entre profissionais e pacientes.

Um mês atrás, a associação sediada em Genebra, na Suíça, disse que 100 enfermeiros haviam morrido na pandemia, desencadeada por um novo coronavírus que surgiu na cidade chinesa de Wuhan no final do ano passado.

“A cifra de infecções de profissionais de saúde aumentou de 23 mil para mais de 90 mil, achamos, mas isto ainda é uma subestimativa porque não são [números de] todos os países do mundo”, disse Howard Catton, presidente-executivo do ICN, à Reuters Television em seu escritório.

A estimativa de 90 mil se baseia em informações coletadas por associações nacionais de enfermeiros, cifras de governos e reportagens da mídia de 30 países. O ICN representa 130 associações nacionais e mais de 20 milhões de enfermeiros registrados.

Observando que 3,5 milhões de casos de Covid-19 foram relatados em todo o mundo, Catton disse: “Se a taxa de infecção do profissional de saúde médio, que achamos ser de 6%, for aplicada a isso, a cifra global pode ser de mais de 200 mil infecções de profissionais de saúde hoje”.

Brasil

Morreram 76 enfermeiros e profissionais de enfermagem em decorrência de complicações da Covid-19 no Brasil desde o começo da epidemia no País, de acordo com dados divulgados nessa quarta pelo Comitê Gestor de Crise do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen).

O número pode ser ainda maior – há 15 óbitos suspeitos de terem sido causados pelo coronavírus, mas que ainda estão sem confirmação.

O Cofen relata um total de 10 mil casos de infecções entre esses profissionais da saúde.

Os enfermeiros dos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro são os mais atingidos pela doença. Eles têm os maiores números tanto de mortes como de infecções.

As infecções acontecem por motivos como falta de equipamentos de proteção individual, treinamento ruim e subdimensionamento de equipes, de acordo com o presidente do Cofen, Manoel Neri.

O número de casos pode ser ainda maior, segundo Walkírio Almeida, coordenador do comitê de gestão de crise da entidade.

Há um grande número de óbitos entre profissionais da saúde entre 31 e 40 anos, de acordo com os dados da entidade. Foram 19 casos de profissionais dessa faixa etária que morreram.

A letalidade entre os enfermeiros mais velhos é a mais alta: foram 218 infectados e 19 mortos.

O Cofen entrou com ações na Justiça para tentar garantir o afastamento dos enfermeiros que têm características de maior vulnerabilidade ao coronavírus e assegurar a realização de testes nas equipes de enfermagem.

Em uma decisão liminar, o pedido foi reconhecido para os profissionais que atuam em hospitais federais. Ainda tramitam ações semelhantes para instituições de saúde privadas, estaduais e municipais.

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