Segunda-feira, 28 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 27 de setembro de 2020
Mais uma manifestação reuniu centenas de pessoas em Minsk, capital de Belarus, no sábado (26), para protestar contra o presidente Alexander Lukashenko. Mais de 90 foram presas, a maioria mulheres.
Um grupo de mulheres gritava “Nosso presidente é Sveta!”, referindo-se ao político da oposição, Svetlana Tijanóvskaya, que muitos dizem ter ganho a disputa eleitoral.
Entre os presos está Nina Baginskaya, de 73 anos, que se tornou símbolo da resistência contra o governo. Um policial arrancou uma bandeira das mãos dela e depois a arrastou para uma van, de acordo com a Reuters.
Crise em Belarus
Os manifestantes acusam Lukashenko de fraude na eleição, que aconteceu em 9 de agosto. Ele foi reeleito pela 6ª vez. Desde então, uma onda de protestos acontece no país e mais de 7 mil pessoas foram detidas. A maioria delas já foi liberada.
A União Europeia (UE) descartou reconhecer Alexander Lukashenko como presidente de Belarus, informou o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell. “A posição da UE é clara: os cidadãos bielorrussos merecem o direito de ser representados por aqueles que escolherem livremente através de eleições novas, inclusivas e transparentes”, disse Borrell.
Economia
Na capital de Belarus, Minsk, os laços estreitos com seu vizinho mais poderoso, a Rússia, podem ser observados na arquitetura e nos edifícios stalinistas. Mas esse não é o único vestígio da época em que o país estava sob a esfera de influência da hoje extinta União Soviética (URSS): sua economia permanece planificada, a última na Europa.
Sob o rígido controle do presidente Alexander Lukashenko, que governa o país há 26 anos – e que venceu as eleições novamente em 9 de agosto, gerando uma onda de protestos, Belarus implementou um híbrido entre uma economia estatal e um mercado livre completamente aberto. A oposição e até a União Europeia descreveram o processo eleitoral como “fraudulento”.
Esse sistema de “socialismo de mercado” significa, na prática, que setores como o industrial e o agrícola são quase totalmente controlados pelo Estado. No conjunto, as empresas estatais respondem por cerca de 50% do Produto Interno Bruto (PIB, ou a soma de riquezas de um país).
O país iniciou esse caminho após o colapso da URSS, em 1991. Naquela época, todas as ex-repúblicas soviéticas enfrentavam uma profunda crise econômica. A essa altura, Belarus já arrastava as consequências da 2ª Guerra Mundial, que destruiu praticamente toda a sua infraestrutura, e da catástrofe da central nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986, que deixou um quarto do território do país contaminado por radiação.
O país enfrentou o período pós-soviético com a introdução de controles administrativos sobre os preços e a taxa de câmbio. Além disso, subsídios e outros benefícios estatais se espalharam por toda a economia transformando Belarus em um Estado de bem estar social na Europa Oriental. Por exemplo, a porcentagem de pessoas que viviam abaixo da linha da pobreza caiu em 18 anos de 41,9% para 5,6% em 2018, segundo dados do Banco Mundial. É uma das taxas mais baixas da Europa.
No entanto, vários organismos internacionais lembram que a produtividade do arcaico setor estatal é baixa e o salário médio gira em torno de 500 euros (R$ 3,5 mil) por mês.