No fim de agosto, a Mega-Sena passou a ter três sorteios por semana, em vez dos dois que vigoraram por muitos anos. Com isso, essa loteria de números, a principal do País, passou a movimentar ainda mais dinheiro. Um dos agraciados de maneira indireta com o aumento das apurações foi o esporte brasileiro. Com a base na Lei das Loterias, parte do valor arrecadado com as apostas é investido no desporto do País.
No caso da Mega-Sena, 7,02% do que é pago por aposta retorna para o esporte de uma maneira geral. Dentro desta porcentagem, são agraciados de maneira direta Ministério do Esporte, Comitê Olímpico do Brasil (COB), Secretarias de esportes e órgãos equivalentes, Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Comitê Brasileiro de Clubes (CBC), Confederação Brasileira do Desporto Universitário e Fenaclubes. Cada uma recebe uma parte definida previamente por acordos e leis.
Em 2022, conforme dados oficiais da Caixa, a Mega arrecadou R$ 10,9 bilhões em 109 sorteios, com dois sorteios semanais. Com a alteração para três sorteios que começou em 22 de agosto, serão 125 concursos até o fim de 2023.
Além disso, o preço atual da aposta simples é de R$ 5,00 – era R$ 4,50. Com isso, a arrecadação do jogo mais famoso da loteria nacional aumentará. A previsão é de que suba para mais de R$ 13,5 bilhões. Desta forma, o repasse para o esporte ganharia um incremento de ao menos R$ 160 milhões.
Questionada sobre como vê essa possibilidade de aumento no repasse para o esporte, a Caixa optou por não garantir o cálculo por questões variáveis e explicou as razões para a alteração na quantidade de sorteios.
“A mudança objetiva aumentar a velocidade de crescimento do prêmio, gerando maior atratividade aos apostadores. A Caixa monitora frequentemente o desempenho dos produtos de loterias de modo a identificar melhorias e avaliar novas estratégias para o negócio. Nesse sentido, a instituição segue acompanhando a performance da Mega-Sena com o acréscimo do terceiro sorteio para avaliar os ganhos da mudança”, informou.
Fomento
A cada ano e a cada ciclo olímpico, o Comitê Olímpico do Brasil (COB), destino da segunda maior porcentagem de repasse da Mega-Sena, tenta melhorar as condições de preparação dos atletas do País para as disputas. Para os Jogos de Paris, em 2024, a entidade já garantiu a maior premiação da história para seus medalhistas, podendo chegar a pagar R$ 350 mil para os futuros campeões olímpicos.
Porém, o COB prefere não trabalhar com algo que não é garantido ainda. “Se de fato houver algum aumento no repasse de recursos, a destinação dada ao esporte brasileiro ajudará a melhorar a performance dos nossos atletas”, informou o COB por nota.
Paulo Maciel, presidente do Comitê Brasileiro de Clubes, que aproveita os recursos das loterias para investir na formação dos atletas, diz esperar que o aumento do número de concursos reflita num possível incremento de arrecadação, “até mesmo diante do novo cenário envolvendo a regulamentação das apostas online de eventos esportivos, que pode impactar todo o sistema”.
Para Vanessa Pires, CEO e fundadora da “Brada!”, startup especializada em buscar investimentos de incentivo, as modificações representam um cenário altamente promissor: “Este arcabouço legal fortalece a democratização do desporto no Brasil. Com o aumento dos recursos provenientes das Loterias, são criadas condições ainda mais propícias para a formação de novos talentos, ampliando a democratização do esporte e fortificando as instituições esportivas’’.