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Mais mercado, menos propina

Todo mundo conhece o ditado “onde há fumaça, há fogo”. No entanto, ainda tem gente que insiste em defender a permanência da fumaça no ar que respira. Analogias à parte, já paramos de nos surpreender com esquemas de corrupção que são escancarados na mídia diariamente no Brasil. O evento mais recente aconteceu bem perto de Porto Alegre, em Viamão, envolvendo o prefeito e outros membros do poder público da cidade. O Ministério Público está investigando fraudes em licitações de serviços de limpeza urbana e serviço de implantação de sistemas de informática, que beneficiaram empresas que têm relação direta com os indivíduos investigados.

Mais do que nunca, é hora de revermos urgentemente o papel do Estado no fornecimento de alguns serviços à população. A instituição pública é, por natureza, corrupta. Os grandes empresários tentam comprar políticos porque eles têm algo poderoso a ser vendido: leis e regulamentações que garantem privilégios a uns à custa do resto. Se removermos esse poder de barganha, o motivo para comprar políticos acaba. Por isso, é urgente a necessidade de desburocratizar, desregulamentar e simplificar a legislação. Regras simples, claras, gerais e universais impedem que os agentes econômicos comprem políticos em troca de uma legislação específica que os beneficie em detrimento de seus concorrentes.

Não adianta muito substituir um político corrupto. Isso pode proporcionar algum efeito temporário, mas, enquanto o sistema continuar podre, problemas continuarão aparecendo. Se tirarmos uma maçã podre de um cesto cheio de fungos e a substituirmos por uma maçã boa, será somente questão de tempo para essa também apodrecer.

Precisamos de medidas que combatam o establishment intervencionista brasileiro, pois só assim poderemos atrair negócios que atendam à população pelos incentivos corretos: satisfação da demanda do consumidor, por meio de bens e serviços que gerarão empregos, prosperidade e lucro. Onde há mais economia de mercado, há menos propina; onde há menos burocracia, regulamentação, autoritarismo, protecionismo e garantia de privilégios, é onde haverá menos interesse e menos possibilidades de se construírem esquemas criminosos envolvendo entidades governamentais. Que tal darmos mais chances para a iniciativa privada demonstrar sua capacidade de atender às demandas da população, sem favores privilegiados do poder público, apenas concedendo liberdade para a ordem espontânea da economia de mercado? Desmontando-se monopólios e oligopólios estatais, descentralizando cada vez mais o planejamento central e dando abertura para a livre competição entre entidades privadas, nós, cidadãos, teremos apenas a ganhar com os produtos e serviços ofertados.

(Pedro Zanetello, empresário e associado do Instituto de Estudos Empresariais)

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