Preocupado com a taxa de aprovação do governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva encerrou a reunião ministerial dessa segunda-feira (20) com um pedido para que seu time esteja mais próximo da população ao longo do ano. Ele determinou a seus auxiliares que, em 2025, participem mais de eventos, atos públicos e inaugurações e ajudem, assim, o governo a dar visibilidade às ações federais.
Segundo ministros presentes no encontro e ouvidos sob reserva, Lula enfatizou que sua equipe deve “sair às ruas” e que a lógica tem de ser “mais rua e menos Palácio”.
O presidente chegou a dar um exemplo durante sua fala. Fitando a ministra da Saúde, Nísia Trindade, disse que, da próxima vez que tiver de inaugurar a ala de um hospital, o fará no meio do rua em vez de dentro do prédio.
Ao longo da reunião, que durou mais de sete horas, Lula voltou a reclamar da inflação de alimentos em outras duas ocasiões, reforçando comentário feito por ele na abertura dos trabalhos de manhã. Ele disse que “não é possível” nada poder ser feito e pediu uma solução aos ministros, dizendo que não se trata de “tabelar preços”, mas de dar um alívio à alta nos preços.
O presidente não fez menção direta à esperada reforma ministerial, mas enfatizou que espera ter os partidos aliados mais próximos e sentará com eles para conversar em breve. De acordo com o relato de um dos presentes, Lula fez cobranças ao centrão. Ele disse que entende não haver 100% de alinhamento com o governo, mas é preciso entender como ficará o “futuro”.
Os ministros tiveram cinco minutos para falar. O pedido do Palácio do Planalto foi para que focassem em entregas previstas para os próximos dois anos de governo.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi um dos primeiros a fazer sua explanação. Ele apresentou números de crescimento do PIB e queda do desemprego e disse que o “esforço está sendo feito” para entregar bons resultados na economia.
Novo chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência, Sidônio Palmeira fez sua estreia em uma reunião ministerial. Ele aproveitou sua fala para dizer aos colegas que o governo pode conduzir as narrativas e precisa se planejar para não ser atropelado pelas “fake news”. O ministro afirmou que é importante “ocupar o espaço”, porque fica mais fácil combater a desinformação se a comunicação for feita da forma apropriada desde o princípio.
O recado de Sidônio vem após o governo amargar uma crise com a medida da Receita Federal sobre o Pix, que desencadeou uma onda de desinformação e obrigou o governo a recuar da norma.
Lula abriu o encontro com críticas ao desempenho do governo, fazendo cobranças por mais entregas e afirmando que “2026 começou”.
O presidente também deu uma bronca indireta no ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao dizer que “nenhum ministro” vai poder fazer portaria “que depois arrebente na Presidência da República”, em referência à crise do Pix.
Segundo o petista, o governo não entregou “tudo o que foi prometido para o povo” na campanha de 2022. Ele orientou os ministros a não “inventarem” mais nada e disse que o governo não tem o direito de errar. Em meio às discussões sobre reforma ministerial, Lula também disse que chamará ministros para conversas individuais.
“A entrega que fizemos para o povo ainda não foi a entrega que nos comprometemos a fazer em 2022. Muitas das coisas que nós plantamos ainda não brotaram e não nasceram. Daqui para a frente, a gente não pode mais inventar nada. (…) Nós não podemos falhar e não temos o direito de falhar. É importante que vocês reflitam porque depois vou chamar muitos, individualmente, para conversar”, declarou Lula. As informações são do jornal O Globo.