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Mais um general 4 estrelas na mira da Polícia Federal: veja o que pesa contra o general Heleno

Ex-chefe do GSI foi indiciado pela PF no inquérito que investigou a participação de militares na investida antidemocrática. (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)

A prisão do ex-ministro Walter Braga Netto, candidato a vice na chapa de Jair Bolsonaro (PL) nas eleições passadas, gerou preocupação, no Exército, com o futuro de outro general quatro estrelas, mais alta patente das Forças Armadas, o ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno.

Assim como Braga Netto, o general foi indiciado no inquérito da Polícia Federal (PF) que investigou a participação de militares em uma tentativa de golpe de Estado e a avaliação entre integrantes da caserna ouvidos pelo jornal O Globo é que, devido ao grau de exposição do ex-ministro no enredo, Heleno deve ser um dos denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

Dada a relevância do posto de Heleno, uma eventual prisão preventiva e sua condenação são vistas internamente como medidas que poderiam afetar a imagem do Exército. Um oficial do alto escalão admite que prisões de militares são muito ruins para as tropas.

No relatório do inquérito, a PF afirma que Heleno usou recursos do GSI para disseminar informações falsas de fraude eleitoral, com objetivo de criar um clima de instabilidade política que justificasse uma intervenção militar no País. Os investigadores apreenderam na casa do general documentos que traziam “argumentos relacionados a inconsistências e vulnerabilidades nas urnas eletrônicas, servindo de subsídio para a propagação de informações falsas sobre o sistema de votação, linha de atuação do grupo investigado”.

Frentes

* Diretrizes para ataques às urnas

Para a PF, Heleno atuou no planejamento e na execução de ações para desacreditar o processo eleitoral. Foram encontradas na casa do general anotações contendo “diretrizes” sobre como “disseminar ataques ao sistema eleitoral”.

* Defesa de “virada de mesa”

Heleno participou da reunião com Bolsonaro e outros ministros em 5 de julho de 2022 voltada, segundo a PF, para promoção e difusão de desinformações sobre o processo eleitoral. Na ocasião, afirmou que “se tiver que virar a mesa é antes das eleições”.

* Agentes infiltrados da Abin

Na mesma reunião, Heleno relatou ter discutido um plano para infiltrar agentes da Abin em campanhas eleitorais. A agência ficava sob o guarda-chuva do GSI. O inquérito sobre a Abin paralela também pode mirar o ex-ministro.

* Instrumentalização da AGU

Os investigadores encontraram nas anotações atribuídas a Heleno sugestões para não cumprir decisões judiciais. O texto defendia que a pasta da Justiça acionasse a Advocacia-Geral da União para impedir a PF de executar mandados.

* Comando de gabinete de crise

A investigação detectou que ex-assessores de Jair Bolsonaro que planejavam matar autoridades pretendiam instalar um “Gabinete de Crise” com Heleno no comando e Braga Netto como “coordenador-geral”, após os assassinatos.

Anotações manuscritas atribuídas a Heleno, também apreendidas, traziam “diretrizes” sobre como “disseminar ataques ao sistema eleitoral”. Em um trecho, o texto pontuou: “é válido continuar a criticar a urna eletrônica”.

Havia no material localizado pela PF estratégias para não cumprir decisões judiciais. O documento defendia que o Ministério da Justiça poderia acionar a Advocacia-Geral da União (AGU) para impedir a PF de executar mandados considerados “ilegais”.

Também pesa contra o ministro o fato de ser apontado como responsável por comandar o chamado “Gabinete de Crise” previsto no plano para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O gabinete seria formado imediatamente após os assassinatos e teria ainda Braga Netto como “coordenador-geral”.

À frente do GSI, que abrigava a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Heleno se tornou uma das principais vozes do Palácio do Planalto no governo Bolsonaro. Em conversas reservadas, dizia que, se Lula ganhasse a eleição presidencial, não assumiria o cargo.

Na reunião ministerial feita por Bolsonaro em 5 de julho de 2022, cuja gravação foi obtida pela Polícia Federal e é tida como uma das provas da trama golpista, o general chegou a afirmar que “se tiver que virar a mesa é antes das eleições” e cobra ações “contra determinadas instituições e contra determinadas pessoas”. Na mesma fala, Heleno relatou ter discutido um plano para infiltrar agentes da Agência Brasileira de Inteligência em campanhas eleitorais.

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