Os “malfeitos” que o país enfrenta começaram no governo Lula, disse nesta quarta-feira (13) o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Ao comentar em Nova York a possibilidade de impeachment da presidente Dilma Rousseff, FHC afirmou que destituir um governo “não é uma operação fácil”, sendo necessária “uma base mais profunda, mais concreta”. “Esses malfeitos vêm do outro governo, isso tem que estar bem claro, vem do governo Lula. Começou aí”, afirmou o ex-presidente, sem citar nenhum caso específico de corrupção.
“Eu não sou de personalizar, é que é o procedimento está errado. Nós precisamos regenerar esse procedimento.” Questionado sobre o impeachment, o ex-presidente foi cauteloso, lembrando que a eleição ocorreu há seis meses. “Impeachment não é uma coisa que se deseja; ele acontece”, afirmou Fernando Henrique. “Quando ele acontece? Quando o povo não aguenta mais e quando há uma questão concreta, uma ligação entre quem está ocupando o poder e o malfeito. Não é uma questão que se pode querer ou não querer.”
Segundo Fernando Henrique, não é possível “lutar em abstrato” pelo impedimento de um presidente. “Você tem que lutar pela decência na vida pública. Se isso requerer o impeachment, vamos a ele. Mas é preciso clareza. Por que vai haver impeachment? Qual é o motivo? Houve uma ligação efetiva de responsabilidade?” Ao mesmo tempo, ele disse que é necessário “passar a limpo o Brasil, ir mais fundo nas investigações”. De acordo com ele, “o país não pode ficar na dúvida, sobre quem é responsável pelo quê”.
Ao falar no seminário, Fernando Henrique havia destacado a importância de um entendimento no momento que o Brasil atravessa. Na entrevista a jornalistas brasileiros, o ex-presidente afirmou que não estava falando em conciliação. “Não estou pensando em pactuar com o governo. É preciso que o país se regenere. Não é um acordo da cúpula. É uma mudança da atitude do Brasil”, afirmou ele. “Haverá sempre oposição e nós vamos continuar na oposição, porque a democracia implica isso. Significa desarmar os espíritos. Vai chegar o momento em que o Brasil quer saber a verdade, o que aconteceu mesmo.” (AG e Folhapress)