Quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
Por Dad Squarisi | 15 de maio de 2022
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
A mesma informação pode vir entre vírgulas, travessões ou parênteses. Assim como não há palavras inocentes, não há sinais ingênuos. Qual a diferença entre um e outros? Compare:
– Brasília, a capital do Brasil, tem 3 milhões de moradores.
– Brasília — a capital do Brasil — tem 3 milhões de moradores.
– Brasília (a capital do Brasil) tem 3 milhões de moradores.
Identificou a manha de cada um? A vírgula é neutra. Separa o termo explicativo. O travessão grita. Dá realce. Os parênteses escondem. Desqualificam a informação.
Pedido
Na fala descontraída, a preposição para fica preguiçosa que só. Dispensa uma letra. Vira pra. Torna-se leve como uma pluma no ar. Por isso, a hedonista faz uma súplica: “Não me deem o peso de um acento. Livrar-se de um fardo e ganhar outro? Seria trocar seis por meia dúzia. Nada inteligente”: Pra frente, Brasil. Gasta dinheiro pra chuchu. Acende uma vela pra Deus e uma pro diabo.
Por ou pôr?
O verbo pôr tem um sósia. É a preposição por. Mas ele não gosta de confusão. Tem o maior cuidado para o nome dele não cair na boca do povo. Por isso usa acento. Com o chapeuzinho, fica diferente. Compare: Vou pôr o livro na estante. Gostamos de pôr tempero na comida. Anda por todos os lados. Vou por aqui, você vai por ali.
Sem confusão
Sabia? O português tem só duas palavras com acento diferencial. Uma: o verbo pôr para se distinguir da preposição por. A outra: o pretérito perfeito do verbo poder para se diferenciar do presente: Ontem ele pôde, mas hoje não pode.
Menor é melhor
Vamos pôr os pontos nos is? Vamos colocar os pontos nos is? Os dois enunciados dão o mesmo recado. Qual escolher? O menor. Pôr tem uma sílaba; colocar, três.
Mais exemplos
Escolher palavras simples e curtas é a ordem. Em vez de unicamente, use só. Em lugar de falecer, prefira morrer. Substitua féretro por caixão. Obviamente por é claro. Morosidade por lentidão.
É assim
O “s” de subsídio se pronuncia como o “s” de subsolo. Muitos trocam o “s” pelo “z”. Dizem “subzídio”. É um soco no ouvido. Dói.
Abuso
Na indicação de percentagem, é preciso repetir o sinalzinho % em todos os números? Ou basta usá-lo no último? Por questão de clareza, o sinal aparece em todos os números: As faltas ficaram entre 10% e 12%.
Sem diferença
Abreviaturas obedecem à mesma lógica do sinal de percentagem: No fim de semana, rodou de 20km a 40km. Trabalha das 8h às 16h. Compre de 3kg a 5kg, 6kg de carne.
Excessivo
Eleições trazem à tona o prefixo ultra-. Como lidar com ele? O dissílabo pede hífen? Não pede? Ultra– exige o tracinho quando seguido de h ou a. No mais, é tudo colado: ultra-homérico, ultra-avançado, ultrarrebelde, ultrassom, ultrapassado, ultraelegante, ultrassecreto, ultradireita, ultraesquerda.
Ter propriedade vocabular é…
Usar mais para palavras ou expressões que indicam quantidade. E maior para dar ideia de intensificação: Para mais informações, telefone. Preciso de mais dinheiro. O comércio dá crédito maior para vendas a prazo.
Leitor pergunta
Ela é igualzinha a mim quando criança? Ela é igualzinha a eu quando criança? – Arlete Paz, Floripa
O pronome reto eu jurou que jamais apareceria precedido de preposição. Quando a, ante, após, entre, perante e tantas outras surgem, ocorre uma metamorfose. O eu assume a forma mim: Ele é igualzinho a mim quando criança. Falou perante mim. Nada existe entre mim, ti e ele. Disse a mim que sairia mais cedo.
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.