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Manifestantes contrários à separação da Catalunha voltam a protestar na Espanha

Manifestantes seguram cartaz que diz "Todos unidos somos mais fortes, por uma Espanha sem divisões" em protesto em Barcelona neste domingo (27). (Foto: Josep Lago/AFP)

Sob o lema “Basta!”, dezenas de milhares de pessoas contrárias à independência da Catalunha marcharam neste domingo (27) em Barcelona pela unidade da Espanha e para mostrar seu descontentamento após os episódios de violência que se seguiram à condenação de nove líderes separatistas. As informações são da agência de notícias AFP.

Carregando bandeiras da Espanha e da Catalunha e gritando “as ruas pertencem a todos”, os manifestantes, cerca de 80.000 segundo a polícia de Barcelona, percorreram o Paseo de Gracia, convocados pela Sociedade Civil Catalã (SCC) e apoiado pelos partidos antisseparatistas espanhóis.

Em 2017, um referendo sobre a independência da região espanhola foi considerado inválido pela Espanha, que dissolveu o Parlamento catalão. Este ano, nove líderes do movimento separatista foram julgados e, em 14 de outubro, condenados a penas que vão de 9 a 13 anos.

A reação veio no mesmo dia, com manifestantes entrando em confronto com a polícia e ocupando o aeroporto El Prat, em Barcelona, provocando o cancelamento de mais de 100 voos.

A partir de então, manifestações diárias contra e a favor da separação da Espanha ocorrem em várias cidades do país.

Manifestantes pela união

“Sinto-me espanhol e catalão, não somos todos separatistas”, disse à AFP Joan López, um operário de 41 anos. Ele afirmou que a violência dos últimos dias “é prejudicial ao cidadão, de ambos os lados, e para Barcelona”.

“A princípio você ignora (o processo de independência), mas chega um momento em que você precisa dizer algo”, afirmou Xavier Dalamantes, 40 anos, com uma bandeira espanhola amarrada ao pescoço como uma capa.

A SCC procura dar voz à “maioria silenciada” que não quer se separar da Espanha, em uma Catalunha fortemente dividida sobre o assunto de independência.

Retorno da violência

A marcha ocorreu um dia depois de os independentistas voltarem a protestar em massa contra as sentenças de até 13 anos de prisão a nove de seus líderes pela tentativa de separação de 2017. Na tarde de sábado (26), 350.000 pessoas marcharam pacificamente pela liberdade dos prisioneiros.

À noite, 10.000 pessoas, principalmente jovens, reuniram-se em frente à sede da Polícia Nacional em Barcelona para repudiar a “repressão policial” dos últimos dias.

Os manifestantes, muitos com o rosto coberto, jogaram garrafas e fogos de artifício na polícia, que respondeu com golpes de cassetetes e tiros de balas de borracha.

No total, 44 pessoas receberam atendimento médico, dos quais eram 28 policiais, um deles com o joelho quebrado, relataram os serviços de saúde e a polícia. Além disso, 7 pessoas foram detidas.

O ressurgimento da violência se deu após as condenações pela Suprema Corte no dia 14 de outubro. Nesse mesmo dia, milhares de pessoas bloquearam parcialmente o aeroporto de Barcelona em El Prat e de terça a sexta-feira as manifestações separatistas foram marcadas de violência, com mais de 600 feridos, metade deles policiais, e 212 detidos.

Duas outras manifestações de independência neste domingo, uma no centro da cidade e outra na principal estação de trem, transcorriam sem incidentes.

Em plena campanha para as legislativas de 10 de novembro, a marcha deste domingo uniu representantes do governo socialista e da oposição de direita.

A Catalunha se opõe à “violência e ao sectarismo com os quais os independentistas tentam quebrar a sociedade”, lançou o líder do conservador Partido Popular, Pablo Casado, pedindo ao governo socialista medidas extraordinárias “para garantir a ordem e as liberdades” na região.

Casado e o atual líder do Cidadãos (centro-direita) Albert Rivera acusam o presidente do governo, Pedro Sánchez, de ser fraco diante dos separatistas, cujo apoio ajudou o líder do PSOE a chegar ao poder em junho de 2018.

O partido de extrema direita Vox, muito duro contra o separatismo catalão, reuniu no sábado 20.000 pessoas em Madri. “Contra as traições do Partido Socialista, existe apenas o Vox, e (…) contra o separatismo criminoso, existe apenas o Vox”, disse seu líder Santiago Abascal.

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