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A caravana de Lula foi atacada com ovos e pedras no interior de Santa Catarina

O ex-presidente (D) chegou a defender a necessidade de reagir com "porrada". (Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula)

A caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi atacada com pedras e ovos por manifestantes contrários ao petista durante a passagem por São Miguel do Oeste (SC), na tarde desse domingo. Os objetos chegaram a trincar os vidros de dois dos três ônibus que integram a comitiva, dentre eles o veículo em que o próprio Lula viajava.

Segundo testemunhas, cerca de 30 manifestantes fecharam o trevo de acesso à cidade e, quando a caravana parou, arrancaram os limpadores de para-brisas dos ônibus e lançaram o ataque.

“O que aconteceu foi um atentado criminoso. Poderia ter acontecido uma tragédia. O motorista ficou sem visibilidade”, reclamou o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), líder do PT na Câmara. Alguns metros adiante, policiais militares acompanharam mas não interferiram na manifestação.

Antes, durante a manhã, o ex-presidente havia participado de um ato com agricultores familiares em Nova Erechim, também no interior catarinense. Durante o evento, a presidente nacional do PT, senadora paranaense Gleisi Hoffmann, alertou para a presença agressiva de manifestantes contrários ao ex-presidente em São Miguel do Oeste.

Os protestos, agressões e tentativas de bloqueio à passagem da caravana petista têm marcado a passagem de Lula pela Região Sul do País, iniciada há uma semana em Santana do Livramento (RS). Desde então, o ex-presidente foi obrigado a alterar itinerários, fazer viagens de avião (a previsão inicial era de utilizar apenas ônibus) e não conseguiu entrar em Passo Fundo (RS).

Fim-de-semana

No sábado à noite, em Chapecó (SC), houve confronto entre manifestantes anti-Lula e militantes petistas que participavam de um ato na praça central da cidade. Integrantes da caravana relataram o envolvimento direto de grupos de direita que apoiam o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), pré-candidato ao Palácio do Planalto.

Já na capital Florianópolis, Lula ressaltou que os participantes das atividades da caravana são “gente da paz” mas defendeu a ideia de que eles devem “retribuir” às agressões sofridas. Em Chapecó, Lula chegou a falar em “dar porrada”.

“Não podemos permitir que pessoas sejam espancadas enquanto esperamos que a polícia cumpra seu papel. Se a polícia não pode garantir a segurança da caravana, que nos diga”, declarou Paulo Pimenta à imprensa. Segundo ele, uma ideia é agregar outros dois ônibus com militantes à caravana para se contrapor às manifestações contrárias.

Julgamento

O julgamento dos embargos de declaração de Lula, marcado para a tarde desta segunda-feira em Porto Alegre, deve ser mais rápido no TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região). Nem procurador e nem defesa farão sustentação oral. O relator pode também “fazer breve resumo do voto”. Na sequência, votam os outros dois integrantes da 8ª Turma do colegiado, formada por três desembargadores.

Este recurso é decisivo para Lula, cada vez mais perto da prisão no âmbito da Operação Lava-Jato. No dia 24 de janeiro deste ano, ele teve ampliada para 12 anos e um mês a sentença de nove anos e meio de reclusão em regime fechado (estipulada pelo juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos em primeira instância na força-tarefa). A acusação: corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá (SP).

Os advogados do petista entregaram o embargo de declaração no dia 20 de fevereiro. Por meio desse recurso, a defesa questiona “obscuridades e omissões” no acórdão do TRF-4 que impôs ao ex-presidente a pena de prisão ainda maior.

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