Quarta-feira, 12 de março de 2025
Por Redação O Sul | 11 de março de 2025
As audiências devem se estender até julho, com 120 testemunhas, incluindo parentes, médicos, peritos, jornalistas e amigos.
Foto: SCBA/YouTube/ReproduçãoO promotor do caso que apura a morte de Diego Armando Maradona mostrou uma foto do ex-jogador, em uma cama, minutos após sua morte, durante o primeiro dia do julgamento, nesta terça-feira (11). Sete profissionais de saúde que faziam parte da equipe médica do craque argentino quando ele morreu, em 2020, estão sendo julgados por homicídio simples com dolo eventual pelo Departamento de Justiça da Argentina.
“Maradona morreu assim”, disse Patricio Ferrari. “Quem disser a vocês, juízes, que não perceberam o que estava acontecendo com Diego está mentindo na cara de vocês se não disserem que participaram de um assassinato.”
A lista dos sete acusados inclui o próprio médico pessoal de Maradona — o neurocirurgião Leopoldo Luque —, um médico clínico, uma psiquiatra, um psicólogo, além de uma médica coordenadora do plano de saúde, um coordenador de enfermeiros e um enfermeiro.
A oitava acusada, uma enfermeira, pediu um júri popular e será julgada separadamente, em outro processo, a partir de julho. As audiências devem se estender até julho, com 120 testemunhas, incluindo parentes, médicos, peritos, jornalistas e amigos, que devem depor no Tribunal de San Isidro, a cerca de 30 km de Buenos Aires.
Veronica Ojeda, ex-namorada de Maradona, compareceu ao primeiro dia de julgamento e foi clicada chorando na porta do tribunal. Dalma e Jana Maradona, filhas do ex-jogador também estiveram no local.
Mais de 100 testemunhas, incluindo familiares de Maradona e médicos que cuidaram dele ao longo dos anos, vão depor ao longo do julgamento de quatro meses. As sessões começam no subúrbio de San Isidro, em Buenos Aires.
Diego Armando Maradona morreu em 25 de novembro de 2020, aos 60 anos, enquanto se recuperava de uma cirurgia no cérebro para um coágulo sanguíneo, após décadas de luta contra o vício em cocaína e álcool.
Ele foi encontrado morto na cama em uma casa alugada em um bairro exclusivo de Buenos Aires, para onde foi levado após receber alta do hospital duas semanas após a cirurgia. Exames apontaram que Maradona morreu de ataque cardíaco.
O enfermeiro noturno disse que viu alguns “sinais de alerta”, mas “recebeu ordens para não acordá-lo”. A morte de Maradona, que ocorreu no meio da pandemia de Covid-19, mergulhou a Argentina em luto. Dezenas de milhares de pessoas fizeram fila para se despedir dele enquanto o corpo estava em exposição no palácio presidencial.
Entenda
Os promotores acusaram os profissionais médicos de fornecer tratamento domiciliar “negligente” e “deficiente” a Maradona, alegando que ele foi abandonado à própria sorte por um “período prolongado e agonizante” antes de sua morte.
Um painel de 20 especialistas médicos convocado pelo promotor público da Argentina concluiu em 2021 que Maradona “teria tido uma chance melhor de sobrevivência” com tratamento adequado em uma unidade médica apropriada.
O magistrado que instruiu o caso disse que cada um dos acusados desempenhou um papel nos eventos. Todos os acusados negam qualquer responsabilidade na morte do astro.
Vadim Mischanchuk, advogado do psiquiatra Cosachov, disse que estava muito otimista com uma absolvição, já que seu cliente era responsável pela saúde mental e não física de Maradona. A família de Maradona alega que mensagens de áudio e texto vazadas mostram que a saúde do astro estava em perigo iminente, disse Mario Baudry, advogado do filho de Maradona, Dieguito.
Ele disse que as mensagens mostraram que a estratégia da equipe médica era tentar garantir que as filhas de Diego não interviessem “porque se o fizessem, elas (a equipe médica) perderiam seu dinheiro”.