Quinta-feira, 17 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 22 de julho de 2015
Trechos do relatório apresentado pela PF (Polícia Federal) que justificou o indiciamento de Marcelo Odebrecht, presidente da Odebrecht S.A., na segunda-feira, indicam que o executivo tentou “atrapalhar” as investigações da Operação Lava-Jato antes de ser preso. A conclusão da PF ocorreu após a verificação de várias anotações encontradas em celulares usados por Marcelo. Os trechos foram escritos com várias siglas. O executivo está preso em Curitiba, no Paraná, desde junho.
O documento diz que as anotações citam autoridades públicas, doações de campanha, pagamentos diretos e influências junto às instituições, inclusive o Judiciário. O delegado Eduardo Mauat da Silva considera que o caso mais grave diz respeito à utilização de dissidentes da PF para, de alguma forma, barrar o andamento das investigações. “Marcelo ainda elenca outros passos que devem ser tomados identificando-os como ‘ações B’, tido aqui como uma espécie de plano alternativo ao principal.” Dentre tais ações estão “parar apuração interna”, “expor grandes”, “desbloqueio OOG [Odebrecht Óleo e Gás]”, “blindar Tau” e “trabalhar para para/anular [dissidentes PF…]”, diz o relatório.
Além de Marcelo, outras sete pessoas ligadas à empresa foram indiciadas pela PF. Os crimes citados no relatório são fraude em licitação, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva, crime contra a ordem econômica e organização criminosa. Em outro trecho do relatório, a PF diz que, nas anotações, fica nítida ainda a preocupação de Marcelo em relação às subsidiárias da Petrobras. “Chama atenção também a preocupação de Marcelo em relação às companhias da Petrobras estarem sendo conduzidas por ‘xiitas’ e, nas palavras dele, com seguinte linha de pensamento: temos que encontrar ‘culpado’ caso contrário vamos ser acusados de ‘incompetentes e/ou coniventes!’”. (AG)