Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 16 de abril de 2020
O prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Jr., concedeu entrevista exclusiva à Rádio Pampa na manhã dessa quinta-feira (16). Com a voz rouca, consequência do excesso do uso, o prefeito confessou que os últimos dias foram de muito trabalho. Com relação ao combate ao coronavírus, Marchezan destacou as parcerias feitas com empresas privadas para o auxílio estrutural.
Depois disso, o prefeito da capital gaúcha falou sobre os leitos ocupados. No momento, Porto Alegre tem 40 leitos com infectados. Marchezan acredita, em parte, que esse resultado positivo é devido Porto Alegre ter iniciado a quarentena uma semana antes do primeiro óbito.
“Quando faltam leitos o número de óbitos aumentam muito. Até agora, Porto Alegre registra oito mortos, a gente faz uma comparação com outras capitais brasileiras e com outras cidades do mundo e a gente vê a vantagem que a gente tem. Em todas as cidades brasileiras que a gente comparou e com todas as cidades do mundo, a gente tem no vigésimo dia após o primeiro caso, ou seja, desde a primeira morte, a gente tem oito mortes em torno de 20 dias”. O prefeito citou ainda a cidade de São Paulo que já registra quase 600 mortes até essa quinta-feira (16). Se comparada à capital paulista, Porto Alegre mostra um cenário bem mais positivo, especialmente pelo baixo número de óbitos. Segundo o prefeito Nelson Marchezan Júnior, o fator diferencial está na suspensão das atividades, que iniciou com uma semana antes da primeira morte, registrada no dia 24 de março.
“Ação correta no prazo correto. A segunda questão, que me parece uma referência para nós é o número de leitos ocupados. Nós temos em torno de 40 leitos ocupados, com pouco mais de uma semana. No início o nosso número de leitos ocupados dobrava a quase três dias, um volume de leitos sendo utilizados igual a Londres, Itália e Espanha”. De acordo com Marchezan, hoje o número duplica a cada 7 a 10 dias.
Sobre os decretos, o prefeito destacou que não tem como o Governo Federal regrar o Brasil inteiro, assim como não tem como o Governo do Estado regrar 497 municípios. Ele ainda pontuou que as mudanças estão vindo de uma forma muito rápida e com reflexos muito imediatos. “Porto Alegre, por exemplo, a gente iria esse ano, contratualizar em escolas da área privada para dar cinco horas a mais de aula para 6 mil alunos da rede pública, todos os dias. E há um mês a gente publicou um decreto proibindo o funcionamento das escolas. Trabalhamos três anos para conseguir arrumar as contas e fazer o contrato inédito de manutenção dos nossos parques e praças que nunca tiveram uma estrutura terceirizada, e agora pedimos restrição das pessoas, para que sejam comedidas ao usar esses espaços públicos”, destacou.
“Fechar o comercio é uma agressão, é um ato muito forte e duro, gera uma tristeza muito grande. A gente está orientando ao contrário do que a gente fez. Nós trabalhamos para privilegiar o transporte coletivo e agora nós estamos dizendo para tentar evitar o transporte coletivo, porque há um grande risco de contaminação. Tentamos deixar a cidade mais bonita, para ter mais investimentos, mais empreendedores e agora pedimos para as pessoas fechem as suas atividades comerciais, pois movimento gera a transmissão do vírus. Há muita dificuldade de se fazer projeções”, ponderou.
Quando questionado sobre o que muda em Porto Alegre a partir desta quinta-feira (16), ele disse, que “as regras de Porto Alegre já estão valendo, são as mesmas. Elas começaram desde o dia 16 de março com a suspensão das aulas no nível superior, ensino médio e fundamental. Depois suspendemos na outra semana as aulas do ensino infantil e também a suspensão das atividades dos estabelecimentos comerciais, indústrias, serviços na construção civil, estão suspensas todas essas atividades até o final de abril. A gente foi regulando o decreto em atividades essenciais, supermercados, todos os serviços na área de saúde, alguma regulação específica de capacidade, autorizamos o funcionamento de locais que vendem computadores, chips, celulares, para essas pessoas poderem ter instrumentos para trabalhar em casa ou para ficar em casa fazendo outras atividades”.
Ainda dentro desta incerteza, o prefeito da capital confessou que os índices de infeção e ocupação de leitos poderiam ter levado a uma flexibilização do comércio durante a Páscoa, mas que, preventivamente, optou-se por estudar como a população se comportaria naquela semana que contou com um feriado e um natural incremento no movimento de pessoas circulando pela cidade e em estabelecimentos como os supermercados.
Na parte final da entrevista, exclusiva à rádio Pampa, Nelson Marchezan se dirigiu aos ouvintes, destacando que iria falar com toda a franqueza e resumiu a intensidade do que está sendo feito pelo poder municipal: “trata-se de tentar errar menos.”
Eleições 2020
“Não deu tempo de fazer conjuntura. O volume nessas três semana de angústia, tristeza, trabalho e de conversa com muitos setores e com muitas pessoas é uma sobrecarga física e não conseguimos estruturar o raciocínio em relação a eleição. A segunda consideração é que não sabemos como vai estar o coronavírus daqui há 30 dias. O terceiro ponto é que não podemos aproveitar esse momento como desculpa para colocar as eleições para acontecer todas no mesmo ano. Eleições gerais junto com as eleições municipais. São pautas absolutamente diferentes. Elas não podem ser misturadas, e do ponto de vista democrático, seria um prejuízo termos eleições a cada quatro anos”, finalizou.