Maria Laura da Rocha assumiu o comando da secretaria-geral do Ministério de Relações Exteriores em solenidade realizada nesta quarta-feira (4), no Palácio do Itamaraty, em Brasília. Diplomata, Rocha é a primeira mulher a ocupar o posto. Em seu discurso, afirmou que é preciso aumentar o número de mulheres e de negros na carreira diplomática e em postos de chefia:
“Vamos cuidar para que o Itamaraty seja um ator engajado, em parceria com outros órgãos e com a sociedade civil, para ampliar o número de mulheres, negras e negros, pessoas menos favorecidas e candidatos de todas as regiões do país recrutados para as nossas carreiras”.
Segundo Rocha, a carreira de diplomata “precisa refletir cada vez mais a cara do Brasil”.
Raça e Gênero
Ela também anunciou a intenção de recriar o Comitê de Raça e Gênero, que foi extinto na gestão anterior.
“É um primeiro passo importante para que essas questões se tornem realmente transversais no governo, para que o Itamaraty, instituição pioneira na ação afirmativa para ampliar a representação regional e para apoiar as brasileiras e brasileiros negras e negros no ingresso na carreira, continue na vanguarda dessa causa”, pontuou.
O cargo de secretário-geral é segundo mais importante do Itamaraty, abaixo apenas do de ministro. Em homenagem a Maria Laura da Rocha, diplomatas participaram da cerimônia com roupas na cor lilás.
O ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, participou da cerimônia. Além disso, nesta semana, durante o seu discurso de posse, ele elogiou Rocha. “Diplomata completa, de longa e variada carreira e impecáveis credenciais, ela possui vasta experiência na Secretaria de Estado, na Esplanada dos Ministérios, em postos bilaterais e multilaterais no exterior”, afirmou.
Na ocasião, Mauro Vieira também disse que a escolha de Rocha é simbólica e carrega mensagens de reconhecimento e inspiração.
Cor lilás
As diplomatas que acompanharam a solenidade vestiram roupas na cor lilás. A cor foi adotada pelas sufragistas inglesas, em 1908, e até hoje continua simbolizando as lutas e os protestos feministas para a superação do patriarcado e do machismo.
Perfil
Maria Laura da Rocha, 68 anos, nasceu no Rio de Janeiro. Casada, é mãe de duas filhas. Cursou três anos de Direito pela UFRJ, entre 1974 e 1976, quando passou no curso do Instituto Rio Branco. Iniciou a carreira na diplomacia em 1978. Na gestão anterior, ocupava o cargo de Embaixadora da Romênia. Também foi embaixadora na Hungria e trabalhou nas embaixadas do Brasil em Roma, Moscou e Paris.
Já foi Delegada Permanente do Brasil junto à Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) e representante do Brasil junto à Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).