Quarta-feira, 18 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 17 de dezembro de 2024
O vídeo institucional em celebração ao Dia do Marinheiro, divulgado no início do mês, foi removido dos perfis oficiais da Marinha do Brasil. A publicação na rede X aparece como não existente, e não é mais visto também no YouTube. O conteúdo alterna imagens de integrantes das Forças Armadas em treinamento e pessoas em momentos de lazer, e é encerrado com uma militar questionando: “Privilégios? Vem pra Marinha”.
Procurada, a Força Armada não respondeu ao questionamento do jornal O Globo. A publicação foi vista como uma indireta contra o pacote fiscal do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A proposta atinge diretamente os militares com a regra de 55 anos mínima para aposentadoria. No plano estabelecido entre a Fazenda e a Defesa, a transição para que essa regra passe a valer será até 2032.
O material fazia parte da celebração do Dia do Marinheiro, comemorado em 13 de dezembro, e foi criticado por políticos, como a presidente do PT, Gleisi Hoffmann. Segundo a deputada, a publicação era um “grave erro”. “Ninguém duvida que o serviço militar exige esforço e sacrifícios pessoais, especialmente da tropa que se arrisca nos treinamentos e faz o serviço pesado. Isso não faz dos militares cidadãos mais merecedores de respeito do que a população civil, que trabalha duro, não vive na farra”, declarou a parlamentar à época.
Na rede X, o vídeo ganhou nota da comunidade, um sistema de checagem comunitária dos próprios usuários. “O vídeo apresentado não reflete a realidade. Os militares da Marinha recebem benefícios e salários superiores à média da população brasileira. Por outro lado, grande parte dos brasileiros enfrenta jornadas de trabalho longas e exaustivas, com pouco tempo para descanso”, diz a nota.
De acordo com a colunista Bela Megale, a frase gerou muito incômodo nas Forças Armadas. Militares argumentam que a carreira já tem baixa atratividade e apontam que a insegurança promovida pelo pacote pode gerar uma espécie de “êxodo” nas Forças. Ainda segundo Bela Megale, após a divulgação do conteúdo, Haddad sinalizou a aliados que não vai se pronunciar.
O blog da colunista Malu Gaspar informou que o ministro da Defesa, José Múcio, não foi consultado e nem informado pelo comandante da Marinha, almirante Marcos Sampaio Olsen, sobre o vídeo institucional com referências aos “privilégios” recebidos na carreira.
Ainda segundo o blog, a peça foi vista na Esplanada dos Ministérios como “inconveniente” e “um tiro no pé”.