Tropas do 1.º Batalhão de Operações Ribeirinhas, do Batalhão de Operações Especiais de Fuzileiros Navais e do Grupamento de Mergulhadores de Combate participam das operações de combate ao garimpo ilegal em Roraima. A operação também conta com apoio das Lanchas Excalibur, blindadas e velozes, equipadas com duas metralhadoras.
Coordenada pelo Ministério da Defesa, a Operação Catrimani II reúne as três Forças Armadas de forma integrada, com a colaboração da Casa de Governo de Roraima, vinculada à Casa Civil da Presidência da República.
É uma operação de guerra no maior território indígena do Brasil em extensão territorial, com 9,5 milhões de hectares ou 192 mil km², mais que o dobro da área de Portugal. Ali vivem quase 30 mil indígenas em mais de 370 comunidades. No total, são 800 militares mobilizados na ação.
Programada para ocorrer até 31 de dezembro, a operação recebe o nome do Catrimani, um dos cursos d’água mais afetados pelo garimpo. Na língua Yanomami, o rio se chama Wakatha u, e waka é o nome dado ao tatu-canastra, espécie ameaçada de extinção.
A primeira fase da operação, de janeiro a março, enviou 360 toneladas de suprimentos para 236 comunidades indígenas. A segunda fase está em curso e já destruiu 333 acampamentos de garimpeiros e apreendeu 76 armas. Até o dia 10 de outubro, foram registradas 12.732 abordagens realizadas pelos militares, resultando em 124 prisões, de acordo com dados do Ministério da Defesa.
Alvo de garimpeiros
A Terra Yanomami enfrenta crise sem precedentes. A área é alvo da mineração ilegal de ouro desde os anos 1980. Mas, nos últimos anos, a busca pelo minério se intensificou – em 2022, o garimpo chegou a 80 mil pontos em uma área de 241 mil hectares, de acordo com dados do MapBiomas.
A invasão garimpeira contamina os rios com mercúrio e outros rejeitos químicos, mata os peixes e degrada o bioma, crucial para frear a crise climática. E isso se reflete na saúde dos Yanomami, com casos de malária e desnutrição, já que impacta diretamente na alimentação indígena, que tem como base a pesca, a caça, a coleta de frutos e raízes e a agricultura.
Em vários pontos da região, o Primeiro Comando da Capital (PCC) e outras facções se aliam aos garimpeiros, o que impulsiona tanto os crimes ambientais como o narcotráfico, que usa os rios como rota para escoar cocaína.
A insegurança restringe até o funcionamento de postos de saúde. Desde janeiro de 2023, quando fotos de crianças indígenas esqueléticas circularam pelo mundo, o território está em emergência sanitária. A medida foi decretada pelo governo federal para expulsar os garimpeiros e levar atendimento de saúde – o que, muitas vezes, depende do reforço das embarcações da Marinha.
No início de 2023, eram cerca de 20 mil garimpeiros ilegais na área Yanomami – em abril deste ano, a pasta estimava que havia ainda 7 mil.