Domingo, 22 de dezembro de 2024
Por Mariana Pedrini Uebel | 18 de maio de 2020
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Com o decorrer da pandemia pelo COVID-19, as recomendações mudam a todo o momento. Agora no estado do Rio Grande do Sul, é obrigatório o uso de máscara dentro e fora de ambientes fechados, ou seja, em todos os lugares. Até hoje, a Organização Mundial de Saúde não traz a mesma recomendação. O uso de máscara controla a transmissão na
fonte, sendo tão importante quanto as medidas de mitigação, como lavagem das mãos, e o distanciamento social.
Esta medida pode ser comparada à direção segura: os motoristas e os pedestres se beneficiam se todos, com cuidado, adotarem as mesmas medidas para reduzir os riscos de acidentes de trânsito.
O objetivo das pessoas que usam máscaras em público agora é proteger a comunidade.
Como muitas pessoas que têm COVID-19 não apresentam sintomas, o uso de máscaras pode ajudar a reduzir a possibilidade de alguém sem sintomas transmitir a doença às outras. Nesse momento, as autoridades devem se preocupar em educar a população sobre as técnicas corretas de uso, remoção e higiene de máscaras faciais no lugar de exercer punições àqueles que não as usam.
Há também preocupações de que o uso de máscaras possa gerar uma falsa sensação de segurança em relação a outros métodos de controle de infecções como distanciamento social e lavagem das mãos. Porém, até hoje não ha conhecimento de nenhuma evidência de que usar máscaras significa negligenciar outras abordagens para controle de infecção.
Para que uma máscara seja mais segura e protetora para crianças e adultos, ela deve cobrir com segurança o nariz e a boca e ficar esticada até as orelhas dos dois lados. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças Americano não recomenda máscaras para crianças menores de dois anos, quando há riscos de asfixia. Se as crianças estiverem em casa apenas com os residentes habituais, elas não precisam usar máscaras, desde que não tenham sido expostas a ninguém com COVID-19.
O American Academy of Pediatrics recomenda que durante uma caminhada ao ar livre, desde que as crianças possam manter o distanciamento social de mais de um metro e meio, elas não precisam de máscaras. Os locais em que uma criança se beneficiaria de usa-las são aqueles em que é provável que encontrem outras pessoas a menos de um metro de distância.
Nas crianças pequenas, o uso de máscara pode gerar pânico, medo e insegurança. Se a criança está com receio, os pais devem dar o exemplo e de uma forma lúdica, incentivar seu uso, para que ele não ela se sinta sozinha. Algumas idéias para as máscaras parecerem menos assustadoras são: enquanto estiver usando-as, olhe no espelho e fale sobre isso; coloque uma máscara em seu bicho de pelúcia favorito; decore-a para ficar mais personalizada e divertida e mostre fotos de outras crianças usando com tranquilidade.
Neste momento em que ocorre a abertura do comércio e as pessoas estão de volta a seus ambientes de trabalho, o uso de máscara pode ser essencial para reduzir um provável aumento da transmissão, como ocorreu em países como Japão, Coreia do Sul, Hong Kong e Taiwan, onde a máscara é usada universalmente com sucesso. Com isso, as pessoas que estão voltando às suas atividades econômicas podem se sentir mais seguras, reforçando a confiança no retorno da normalidade, além de evitar uma possível 2a curva de contaminação.
Por fim, acredito que o ser humano se adapta às mudanças, quando entende que elas são importantes. O uso de máscara muda o foco da autoproteção para o altruísmo, envolvendo ativamente todo o cidadão, sendo um símbolo de solidariedade e de rede social.
Dra. Mariana Pedrini Uebel – CRM 26829 – @marianapedriniuebel
Psiquiatra da Infância, Adolescência e Adultos
PhD em Psiquiatria pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Fellowship em Psiquiatria pela Columbia University of NY
Pós-Doutorado em Psiquiatria pela UNIFESP
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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