Um novo estudo da Universidade de Miami, nos Estados Unidos, desbanca um mito que tem se propagado por aí: máscaras não retêm dióxido de carbono (CO2) próximo ao rosto e, portanto, não aumentam risco de intoxicação dos usuários. Os resultados foram publicados na última sexta-feira (2) no jornal científico Annals of the American Thoracic Society.
Os pesquisadores avaliaram as mudanças no nível de oxigênio e de dióxido de carbono antes e durante o uso de máscara em 30 pessoas: 15 indivíduos saudáveis e outros 15 com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), em que a passagem do ar pelos pulmões é obstruída de forma persistente.
“Mostramos que os efeitos são mínimos, mesmo em pessoas com comprometimento pulmonar muito grave”, diz, em nota, Michael Campos, que liderou a investigação. “O público não deve acreditar que as máscaras matam.”
Quanto à sensação de falta de ar que algumas pessoas saudáveis podem ter, os estudiosos asseguram que não é pelo CO2. Provavelmente ocorre por restrição do fluxo de ar com a máscara, em particular quando é necessária maior ventilação. Um exemplo é quando você está subindo rapidamente uma ladeira e sente falta de ar. Uma máscara muito apertada também pode intensificar essa sensação. A solução é simples: diminuir a velocidade ou remover o equipamento de proteção se você estiver a uma distância segura de outras pessoas.
Entretanto, Campos enfatiza a importância de usar máscara para prevenir a infecção por covid-19. Se uma máscara cirúrgica não estiver disponível, uma de tecido com pelo menos duas camadas é recomendada. Pacientes com doenças pulmonares fazem parte do grupo de risco, devendo evitar ainda mais a infecção, lavando as mãos e cumprindo o distanciamento social.
“Reconhecemos que nossas observações podem ser limitadas pelo tamanho da amostra, no entanto, nossa população oferece um sinal claro sobre o efeito nulo das máscaras cirúrgicas nas mudanças fisiológicas relevantes nas trocas gasosas em circunstâncias rotineiras (repouso prolongado, caminhada breve). É importante informar ao público que o desconforto associado ao uso da máscara não deve levar a preocupações de segurança infundadas, pois isso pode atenuar a aplicação de uma prática comprovada para melhorar a saúde pública”, apontam os autores.