Sábado, 28 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 8 de outubro de 2022
A masturbação praticada por mulheres e pessoas com vagina é um assunto que vem sendo tratado com cada vez mais naturalidade no dia a dia. Para Caroline Amanda, terapeuta sexual e pesquisadora em educação sexual, o ganho da popularidade está relacionado ao avanço das pautas feministas em diversas áreas.
“As mulheres estão ocupando cada vez mais espaços, e ficando cada vez mais convictas de que a reprodução não necessariamente acompanha o ato sexual. Essa é uma grande quebra de paradigma, quando a mulher começa a perceber sua sexualidade como um ato de prazer, e as possibilidades são muito mais profundas. Há toda uma movimentação de reapropriação do corpo para si, além dessa função social que nos foi relegada, que é reproduzir”, afirma a especialista.
Fundadora da plataforma Yoni das Pretas, a pesquisadora em educação sexual mergulha na ancestralidade para desenvolver suas pesquisas, focadas principalmente em mulheres negras. No Instagram, o perfil conta com mais de 46 mil seguidores, e Caroline utiliza as redes sociais para divulgar seus estudos e textos sobre o tema.
De acordo com a terapeuta, o motivo para o assunto ainda ser encarado como um tabu em alguns espaços é o fato de que, em uma sociedade patriarcal, retirar o pênis da equação e focar apenas no prazer das pessoas com vagina causa estranhamento. Ela dá algumas dicas para quem ainda se sente desconfortável com a prática.
“A primeira coisa que eu penso é que a mulher é suficiente para o seu próprio prazer. Essa frase é muito importante, pensar que o que é necessário é estar presente e ter um tempo disponível para si, não precisa de mais nada. A partir da consciência de que se é suficiente, aí as pessoas podem começar a se descobrir como se fazer sentir prazer. Pode ser um chuveirinho na hora do banho, que é um momento muito íntimo, onde temos mais dedicação a nós mesmas. Mesmo que a gente esteja em um período corrido da vida, pelo menos uma vez por semana dá para se organizar e se observar no espelho, e isso é muito poderoso”, orienta.
Caroline explica que o prazer pode levar um tempo, ou seja, não é de primeira que vai se atingir o orgasmo, mas que a masturbação pode começar com um carinho, um toque no próprio corpo, na experiência das sensações.
Benefícios da masturbação
Caroline explica que, além dos benefícios psicológicos, a prática também pode estimular uma série de melhoras físicas e químicas para o corpo.
“A masturbação envolve vários hormônios, estímulos neurais que trazem absoluta satisfação, diminui o estresse. No contexto da pré-menstruação, tem também a distensão da musculatura do assoalho pélvico e da musculatura uterina, e ainda previne algumas infecções. Para quem está amamentando, a ocitocina, que é o hormônio da satisfação, gera mais prolactina, então a pessoa vai produzir mais leite. Para as mulheres que estão na menopausa, é importante continuar se tocando para produzir lubrificação natural. A masturbação traz benefícios para a vida inteira”, enumera.