Sexta-feira, 31 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 12 de junho de 2017
Durou cerca de quatro horas o depoimento da médica Haydee Marques da Silva, 66 anos, acusada de não socorrer o menino Breno Rodrigues Duarte da Silva, de 1 ano e 6 meses, na última quarta-feira. A clínica geral e anestesista chegou à 16ª DP (Barra da Tijuca), no Riom às 10h35min dessa segunda-feira e foi ouvida das 11h às 15h. Ao longo do depoimento, ela chorou, mas negou estar arrependida: afirmou ter agido corretamente.
Em sua defesa, Haydee sustentou a tese de que, por não ser pediatra, não poderia ter prestado socorro à criança. A médica é investigada por homicídio culposo (quando não há intenção), mas o advogado da família do menino Breno, acredita que até a conclusão do inquérito a tipificação poderá ser alterada para dolo eventual.
“Existe a possibilidade de uma mudança na classificação para dolo eventual. A autoridade policial está reunindo provas e materialidade para que se possa configurar a intenção, o crime doloso. Embora a tipificação original tenha sido de homicídio culposo, tudo o que está sendo juntado está indo por um caminho de dolo”, explicou o advogado da família Gilson Moreira.
De acordo com o advogado, que teve acesso ao depoimento, a médica foi redundante na defesa: “Foi um depoimento extenso, mas muito redundante. Ela repete o tempo todo que não atende criança, que não é pediatra. Ela negou o atendimento a um paciente que veio a falecer e sustenta essa questão de que por não ser pediatra não poderia atender”, criticou o advogado.
De acordo com o advogado, o inquérito deve ser concluído ainda essa semana. Em seguida, o relatório será enviado ao Ministério Público estadual. “Ela chorou no depoimento, mas saiu com a mesma frieza com a qual entrou. A conduta é reprovável não só pelo direito, mas pela sociedade. Ninguém quer ter um ente numa situação dessa. Essa senhora não pode continuar exercendo a profissão porque não tem competência, não tem maturidade e equilíbrio emocional”, disse Gilson.
Médica diz que não rasgou pedido
Um vídeo gravado por uma câmera interna do condomínio mostra a médica dentro da ambulância rasgando um documento, antes de o veículo ir embora do prédio, às 9h13min. Haydee garante que esse documento não era o pedido de atendimento de Breno e sim o papel do procedimento do paciente da Penha, que só seria preenchido após o atendimento.
“Em ambulância nenhuma, de qualquer firma, podemos carregar uma guia de internação ou receituário. Não é só a nossa, nenhuma carrega. Por um motivo simples, quem dá a internação é o plano de saúde, no caso da criança, a Unimed. O que eu rasguei era o boletim de atendimento, no qual vem o nome da equipe, a data, o nome do paciente. É um documento de identificação, após o atendimento”, disse.
“Agora eu pergunto: como uma criança ou até um adulto que tem um home care e está com broncoaspiração, com um profissional do lado, não foi socorrido por essa pessoa, que poderia pegar a criança no colo, colocar ela de barriguinha para baixo, para que o bebê tirasse tudo o que prendia a respiração pela boca? Essa criança foi aspirada? O que a profissional de saúde que estava ao lado fez?”, questiona a médica, acrescentando que não está “fugindo” da polícia.
O motorista da ambulância Robson Oliveira nega as acusações da médica: “Eu nunca a agredi”.