Uma modalidade de videocirurgia que é assistida por uma plataforma robótica, a cirurgia robótica, como pode ser chamada, é uma alternativa segura para diferentes tipos de operação em pacientes com casos complexos e em regiões de difícil acesso anatômico. A técnica já é utilizada com maestria no Complexo Hospitalar da Unimed no Vale dos Sinos, em Novo Hamburgo, que é referência regional em tecnologia e modernidade.
A Unimed Vale dos Sinos foi a primeira facilidade hospitalar do interior do estado a utilizar cirurgia robótica para procedimentos de alta tecnologia. O Sistema Cirúrgico Robótico da Vinci X foi adquirido em 2022, com um investimento superior a R$ 12 milhões. Já a primeira cirurgia robótica da unidade foi realizada em abril de 2023 e, desde então, o complexo registrou mais de 80 procedimentos do tipo.
Um dos especialistas em cirurgias robóticas na unidade, o cirurgião-geral Coloproctologista Tiago Luis Dedavid e Silva explica que a modalidade oferece ferramentas que a laparoscopia convencional – procedimento minimamente invasivo realizado na região abdominal com auxílio de uma câmera e um foco de luz – não apresenta. A cirurgia robótica, permite, assim, acesso a locais de maior dificuldade técnica e acrescenta mais graus de movimento nas pinças. “Esta tecnologia faz diferença para alcançar alguns ângulos, em que se teria muita dificuldade para dissecar planos anatômicos ou fazer suturas, por exemplo”, comentou.
Segundo o Dr. Tiago Luis, as vantagens do uso de robôs em cirurgias se devem, em grande parte, à visão tridimensional proporcionada pelo aparelho – mais aproximada da realidade -, ao contrário do que ocorre com as cirurgias tradicionais, em que só se tem acesso a um plano bidimensional. “Desta forma, você consegue ser mais preciso nos seus movimentos e ter maior acurácia nas decisões”, examinou.
As vantagens se estendem também aos pacientes, principalmente em casos de alta complexidade. “Uma vez que você tem uma melhor visualização do campo cirúrgico e também tem movimentos mais delicados, você consegue ser mais preciso, tanto na identificação das estruturas quanto na preservação de estruturas nervosas”, apontou o médico. Além disso, a cirurgia robótica permite que sejam feitas, por uma abordagem minimamente invasiva – ou seja, sem grandes cortes e com tempo de recuperação reduzido -, operações que anteriormente só poderiam ser feitas por via laparotômica – com abertura da cavidade abdominal.
De acordo com o médico da Unimed Vale dos Sinos, a modalidade pode ser utilizada virtualmente em praticamente toda cirurgia que possa ser feita por videolaparoscopia, porém consegue ir além. Nas cirurgias oncológicas – relativas a tumores e cânceres -, por exemplo, muitas vezes é possível conseguir uma amostragem linfonodal melhor.
Funcionamento de cirurgias robóticas
Na prática, a máquina é dividida em duas partes. Uma delas, o console do cirurgião, recebe os comandos do médico responsável, que orienta as ações do robô cirúrgico. Essa outra parte, dotada de braços robóticos, fica em contato direto com o paciente e realiza os movimentos do processo cirúrgico.
Como o processo é diferente e mais complexo do que o de uma cirurgia convencional, é necessário que o médico cirurgião tenha uma certificação e receba um treinamento prévio antes de começar a operar com o robô.
De acordo com o Dr. Tiago Luis, são cinco etapas de preparação, iniciando pela parte teórica, que é seguida de uma orientação envolvendo simuladores. Depois, o médico aprende sobre o funcionamento do equipamento em questão e, então, passa a acompanhar cirurgias robóticas como assistente. Passados estes momentos, o profissional pode começar a operar com a plataforma, desde que supervisionado por um médico que tenha cuidado de, ao menos, 50 casos de cirurgias robóticas. Neste processo, o médico mais experiente deve orientar o “aprendiz” durante as 10 primeiras cirurgias, no mínimo.