Ícone do site Jornal O Sul

Médico pode ter usado registros de vacinas contra a raiva para beneficiar o Coronel Cid

Farley Vinicius de Alcântara é sobrinho do sargento Luiz Marcos dos Reis, que era subordinado a Mauro Cid no Palácio do Planalto. (Foto: Reprodução)

Farley Vinicius de Alcântara, médico investigado pela Polícia Federal (PF) no esquema de fraudes de cartões de vacinação contra a covid em Cabeceiras (GO), prestou serviços ao município como médico plantonista entre 2018 e 2021, em consultas de clínica geral. Na rede de saúde local, trabalhou aos fins de semana e feriados, substituindo colegas de profissão, sem qualquer vínculo com unidades onde as vacinas contra o coronavírus estavam sendo administradas.

Só que, segundo o prefeito Everton Francisco de Matos, o Tuta, do PDT, a função de Farley, mesmo desconectada do combate à covid, ainda assim permitia que ele tivesse acesso a cartões de vacinação e registros conectados a essa área.

Isso porque, conforme afirma Tuta em nota, o hospital em que Farley trabalhou “conta com uma sala para armazenamento de soros antiofídicos (contra picadas de cobras) e vacinas antirrábicas (para prevenir a raiva), para casos emergenciais”.

Esse departamento, segundo Tuta, armazena também “cartões e fichas para registros dos pacientes atendidos sob tais circunstâncias”.

Ou seja: se fraudou cartões de vacinação da covid para Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Farley se aproveitou indevidamente do acesso a um setor que sequer estava conectado a temas relativos à pandemia.

O tio de Farley, o sargento Luiz Marcos dos Reis, era subordinado a Mauro Cid no Palácio do Planalto. Segundo os repórteres Patrick Camporez e Paolla Serra, a PF identificou que o médico assinou e carimbou um documento atestando a imunização de Gabriela Santiago Ribeiro Cid, a mulher do ex-auxiliar de Bolsonaro.

Apuração

O prefeito de Cabeceiras disse que vai abrir um processo administrativo para apurar a conduta do médico, que atuou na saúde municipal nos anos de 2020 e 2021.

“A equipe jurídica está abrindo um processo administrativo contra o profissional para apurar a situação e saber de que forma foi extraído esse cartão de vacina”, disse o prefeito.

Tuta lamentou a situação e a atitude do médico, caso comprovada a fraude.

“Você confia e entrega a sociedade nas mãos de um profissional que assume o plantão na unidade hospitalar e ele utiliza de seu poder para requerer ou extrair algum cartão, um documento de cunho do município”, disse.

O médico, segundo o prefeito, trabalhava como médico plantonista no hospital municipal, atuando aos finais de semana e feriados, sem vínculo com as unidades básicas de saúde. No entanto, detalha que, no local em que o profissional trabalhava, havia uma sala com cartões timbrados e em branco para preenchimento em caso de necessidade de algum paciente, em casos emergenciais.

Sair da versão mobile