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Médicos explicam como é a recuperação da erisipela que afeta a perna de Bolsonaro

Um suposto esquema de caixa dois dentro do Palácio do Planalto durante a gestão de Jair Bolsonaro está sendo apurado pelo Supremo Tribunal Federal. (Foto: Reprodução de vídeo)

Recentemente, chamou a atenção uma foto do que seria a perna do presidente Jair Bolsonaro (PL), com a infecção cutânea erisipela. A imagem foi publicada pelo vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente, em seu canal no Telegram.

Na publicação, Carlos diz que a imagem seria recente e que o pai estaria se recuperando da infecção. “A erisipela desenvolvida na perna do meu pai. Foto tirada de poucos dias atrás. Fui informado que nesta fase já estava em processo de recuperação e tudo corre muito bem”, publicou o vereador.

A doença seria um dos motivos do sumiço de Bolsonaro após sua derrota nas eleições.

Segundo os dermatologistas Ana Paula Pierro, da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, e Egon Luiz Rodrigues Daxbacher, coordenador do Departamento de Doenças Infecciosas e Parasitárias da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a erisipela é uma infecção cutânea causada pela bactéria conhecida como Streptococcus pyogenes, mas também pode ser agente do processo infeccioso Staphylococcus aureus e outros. Ela entra no organismo através de pequenos ferimentos na pele como picadas de insetos, frieiras e micoses de unhas. Por isso, a perna é o local mais comum da condição, mas ela pode acometer outras regiões do corpo.

“Eventualmente, pode haver a formação de bolhas. Mas o mais comum é não ter”, explica Daxbacher.

Pela imagem compartilhada pelo vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro, esse parece ser o caso do presidente Jair Bolsonaro, mas já em recuperação. “A bolha incha e, quando começa o tratamento, desincha e estoura. Quando isso acontece, o local fica mais profundo, com uma úlcera, que cicatriza”, diz Pierro.

Por se tratar de uma infecção bacteriana, o tratamento demanda o uso de antibióticos orais ou administrados na veia por um período que pode variar de 7 a 21 dias, a depender do nível de gravidade.

“Na medida que se combate a bactéria, começa a desinflamar e a infecção vai cedendo. Diminui o inchaço e a vermelhidão, e, se houver ferida, cicatriza”, diz Daxbacher.

Manter repouso e as pernas elevadas também ajudam na recuperação. Em caso de feridas, mais comum na apresentação bolhosa, é preciso fazer curativos constantes para evitar proliferação da bactéria.

“A erisipela não bolhosa, que é a mais comum, não tem uma ferida. Onde tem bolha, tem ferida porque embaixo da bolha, tem uma ferida. Nesse caso, também precisa de curativo”, explica Daxbacher.

Se não tratada corretamente, a erisipela pode afetar os vasos linfáticos e atingir o tecido subcutâneo e o gorduroso e até mesmo evoluir para óbito devido a uma infecção generalizada. Algumas condições facilitam a infecção, como em pessoas com diabetes não compensado, de insuficiência venosa nos membros inferiores e pessoas com baixa imunidade.

Pierro explica que, em algumas pessoas, em especial aquelas com comorbidades, pode haver erisipela de repetição. Neste caso, existe um tratamento profilático com penicilina, para evitar novas infecções.

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