Segunda-feira, 28 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 16 de dezembro de 2015
Na procura por alternativas contra os riscos de microcefalia decorrente do zika vírus, aumentou o número de mulheres que estão recorrendo ao congelamento de óvulos ou embriões para adiar o sonho de ser mãe. São as futuras mamães que já faziam tratamento para engravidar, mas com o surto da malformação congênita, acabaram por adiar a gravidez. Com 40% de chances de engravidar, parar o relógio biológico no tempo tornou-se uma opção.
Esse ritual de congelamento de óvulos tem chamado a atenção de especialistas pelo aumento intenso da procura nos últimos meses. “Nesse momento de indefinição, o ideal é que as mulheres aguardem. E congelar óvulos é a maneira mais segura para aquelas que pensam em postergar a maternidade”, explica o médico Paulo Gallo, diretor do Vida – Centro de Fertilidade da Rede D’Or. Segundo ele, a alternativa se torna ainda mais viável para mulheres acima dos 30, que não podem se dar ao luxo de esperar tanto para engravidar. Isso porque o óvulo se mantem com a mesma idade e percentual de fertilidade do momento em que é congelado.
Esse é o caso de Patrícia Lacerda Gentil, a profissional de marketing de 36 anos, que congelou seus óvulos em setembro, até ter a certeza de estabilidade familiar. Hoje, com o fantasma da microcefalia assombrando o País, Patrícia sente ainda mais certeza da escolha. “Sabendo desse surto, fico feliz por minha decisão. Tenho a segurança de que posso engravidar quando achar melhor. Hoje, mesmo se tivesse a estabilidade familiar que procuro, não teria o filho. Manteria o óvulo congelado, até ter a segurança e a certeza de que ele não seria prejudicado pela doença”, diz, aliviada.
Fertilização pode custar 25 mil reais.
A dona de casa Thaís Carvalho (nome fictício), 40 anos, iria realizar uma fertilização in vitro – técnica em que o óvulo e o esperma são fecundados fora do corpo da mulher – nesse mês. O risco de microcefalia associado à Zika a fez mudar de ideia. “As poucas e desencontradas informações fizeram com que eu e meu marido mudássemos de ideia. Preferimos esperar. Se preciso, vamos aguardar até o final do ano que vem, não importa. Só precisamos de mais informações para tomar esse tipo de decisão”, explicou.
Cada tentativa de fertilização pode custar quase o preço de um carro popular – 20 mil reais a 25 mil reais – incluindo despesas com clínicas e medicamentos. As etapas do congelamento lembram o início do tratamento de fertilização: a paciente recebe injeções com hormônios por 14 dias para estimular a produção de óvulos. A partir da coleta dos óvulos, as células são examinadas e, em vez de serem fecundadas e implantadas no útero, são vitrificadas minutos depois, a uma temperatura de -196ºC e transferidas para um contêiner com nitrogênio líquido.
O procedimento protege as células e permite que elas sejam conservadas por longos períodos de tempo. Segundo o Dr. Gallo, existem casos de gestações originárias de óvulos congelados há mais de 15 anos. (AD)