Terça-feira, 29 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 30 de novembro de 2022
Uma das principais integrantes da equipe do rei Charles III, do Reino Unido, lady Susan Hussey renunciou após acusações de racismo feitas contra ela por uma convidada que compareceu a um encontro no Palácio de Buckingham para debater o combate à violência contra as mulheres, na última terça-feira (29). Em um longo relato no Twitter, a ativista contra a violência doméstica Ngozi Fulani disse que foi repetidamente questionada por Hassey sobre seus antepassados durante o encontro, oferecido pela rainha consorte Camilla.
Em comunicado, o Palácio de Buckingham disse que lady Susan Hassey renunciou e se desculpou depois que “comentários inaceitáveis e profundamente lamentáveis” foram feitos.
Grupo que Fulani representava no evento, o Sistah Space — que apoia mulheres africanas e caribenhas que sofrem com a violência — não revelou a identidade da pessoa envolvida, mas a imprensa britânica identificou-a como Susan Hussey, de 83 anos, madrinha do príncipe William, herdeiro do trono britânico, e dama de companhia da falecida rainha Elizabeth II.
Descrevendo a conversa completa no Twitter, Ngozi, que nasceu no Reino Unido, afirmou que Hassey, que identificou apenas pelas iniciais SH, lhe fez perguntas como “qual a sua nacionalidade?”, “de onde você realmente vem?”, “de onde vem o seu povo?”, e “de que parte da África você é?”.
Fulani contou que, ao chegar, “Lady SH afastou seu cabelo” para ver a identificação em sua credencial. Depois, Hassey lhe fez a série de perguntas insistentes que mostravam que nunca cogitou que ela fosse britânica de nascimento, moradora de Hackney, em Londres, filha de pais imigrantes que chegaram ao país na década de 1950. A ativista disse que não soube o que fazer. “Não podia dizer isso à rainha consorte, e foi um choque para mim e para as outras duas mulheres (comigo). Ficamos atordoadas e sem palavras”, escreveu.
“Ficamos temporariamente em silêncio. Depois, fiquei no canto da sala, sorri e conversei brevemente com quem falou comigo até que eu pudesse sair. Acho que é essencial reconhecer que o trauma ocorreu e ser convidado e depois insultado causou muitos danos. Foi uma grande luta permanecer em um espaço em que você foi agredida. [O dia de] ontem me fez perceber uma verdade feia que ainda estou tentando processar”, continuou Fulani.
Segundo o comunicado de Buckingham, o palácio entrou em contato com Fulani para tratar do assunto e a convidou para discutir, pessoalmente, o ocorrido, caso ela deseje.
“‘Entramos em contato com Ngozi Fulani a respeito desse assunto e a convidamos a discutir pessoalmente todos os elementos de sua experiência, se ela desejar. Enquanto isso, o indivíduo em questão gostaria de expressar suas profundas desculpas pela dor causada e se afastou de seu cargo honorário com efeito imediato. Todos os membros da família estão sendo lembrados das políticas de diversidade e inclusão que devem manter o tempo todo.”
Qualquer incidente que levante suspeitas de racismo no ambiente da família real britânica agora é tratado com extrema cautela, após a crise de março do ano passado, quando, em entrevista à apresentadora americana Oprah, a duquesa de Sussex, Meghan Markle, afirmou que membros da corte chegaram a questionar “quão escura” seria a pele do seu filho.
Mulher de Harry, a atriz americana é filha de pai branco e mãe negra. Na entrevista, Meghan acusou diretamente a “firma”, como a família real é conhecida, de ter uma atitude racista contra ela e seu primeiro filho. As declarações causaram furor no Reino Unido, e uma grande irritação entre os membros da família real.
O príncipe William chegou a romper a norma e enfrentar as câmeras de TV, durante um ato público, para garantir que a sua família “não era nem remotamente racista”. Mesmo assim, o Palácio de Buckingham decidiu abrir uma investigação cujas conclusões nunca foram reveladas.