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Por Redação O Sul | 17 de agosto de 2016
O presidente do Comitê Olímpico da Irlanda, se afastou temporariamente de suas funções no Comitê Olímpico Internacional (COI), informou a entidade internacional nesta quarta-feira (17). Ele é suspeito de participar de um esquema de venda ilegal de ingressos para a Olimpíada com as empresas Pro 10 e THG. Segundo o COI, o afastamento ocorrerá “até que a questão seja resolvida”.
No início desta manhã, Hickey tentou fugir do hotel em que estava hospedado na Barra da Tijuca antes de ser preso. No momento da prisão, ele passou mal e foi levado ao Hospital Samaritano. Depois de liberado, deverá ser ouvido na Cidade da Polícia, no Jacarezinho, Zona Norte do Rio.
O delegado Aloysio Falcão afirmou que, ao saber que era procurado, Hickey se escondeu em um quarto diferente daquele onde estava hospedado com a mulher, no hotel Winstor.
“A esposa dele mentiu, dizendo que ele já havia voltado para a Irlanda. Chegou a esconder o passaporte dele”, afirmou o delegado. “Ele estava em outro quarto, diferente da esposa, tentando fugir.”
Hickey foi preso por suspeita de facilitar ação de cambistas, marketing de emboscada e formação de quadrilha.
Investigações
Responsável por vender ingressos na Irlanda, a Pro 10 repassou bilhetes para a THG, do empresário Marcus Evans, segundo a polícia. Ele revendia as entradas a preços acima de US$ 8 mil em pacotes de hospitalidade para os jogos. Oficialmente, esse tipo de ingresso custa em torno de US$ 1,4 mil.
O esquema movimentava mais de US$ 10 milhões, segundo o delegado de Defraudações Ricardo Barbosa.
O escândalo teria envolvido também o Ministério do Esporte da Irlanda. De acordo com a polícia, o ministro viajou para o Rio quando soube do esquema e conversou com Patrick Hickey no domingo (14). “Hickey disse que o ministro não tinha que se meter nisso, que o Comitê Olímpico é que tinha que investigar”, afirmou o delegado Aloysio Falcão.
Trocas de e-mails e mensagens
De acordo com o delegado, que iniciou as investigações, era frequente a troca de mensagens entre Patrick Hickey e Marcus Evans, dono da empresa THG e considerado foragido na investigação.
O dirigente e o empresário teriam trocado mensagens inclusive durante a Olimpíada. Três laptops e dois celulares foram apreendidos pela polícia. Com essas informações, uma nova fase do inquérito será aberta. “Acredito que tenhamos mais prisões”, disse o delegado.
Nove pessoas foram identificadas pela polícia. Além de Marcus Evans, seis são considerados foragidos pela polícia do Rio. Os diretores da THG citados são o irlandês David Patrick Gilmore, o inglês Martin Studd e o holandês Marteen Van Os.
Já pela Pro 10, tiveram mandado de prisão expedido os diretores Ken Murray, Michael Glynn e o técnico de futebol irlandês Eamon Collins, todos membros do COI.
O mandado de prisão foi expedido pela juíza Mariana Shu, do Juizado de Torcedores e de Grandes Eventos do Tribunal de Justiça do Rio. A magistrada também determinou a expedição do mandado de busca e apreensão nos locais em que os investigados residem no Brasil.
A Pro 10 e o esquema
O delegado Ricardo Barbosa afirmou que a Pro 10 foi criada com o objetivo de integrar o esquema fraudulento. “A Pro 10 foi criada para ser uma ponte para os esquema da THG” , afirmou.
A THG, praticando um cambismo que se passava por programa de hospitalidade, revendia esses ingressos por um valor acima da compra.
O delegado disse ainda que alguns dos ingressos apreendidos eram do Comitê Olímpico da Irlanda.
A THG já foi indicada pelo Comitê Olímpico Irlandês para a olimpíada de 2012 e para os jogos de Inverno de Sochi, na Rússia, em 2014. A empresa, no entanto, não foi autorizada na ocasião para revender os ingressos. O esquema de repasse da Pro 10 para que a THG vendesse os ingressos em programas de hospitalidade, segundo o delegado, começou a partir de então.
COI diz que vai colaborar com a polícia
Porta-voz do COI, Mark Adams disse após a prisão de Patrick Hickey que deve colaborar com a polícia. “Precisamos averiguar as acusações. Vamos companhar e averiguar as investigações. A polícia tem que trabalhar e damos pleno apoio ao sistema brasileiro”, afirmou.
“Nós seguimos as instruções da justiça brasileira e nós respeitamos esse sistema. Ele é inocente desde que provem o contrário. Vamos colaborar e não vamos nos precipitar.”
O porta-voz explicou também que o COI procura melhor o sistema de vendas para não ocorrer fraudes.
“O sistema de ingressos da Rio 2016 trabalha em cooperação com a polícia para não ter incidentes como na Copa do Mundo. A ideia aqui é ter um sistema onde não há atos ilícitos. É preciso que se entenda que não é via de mão única”, disse Adams.
“Nós cooperamos com a polícia, mudamos o design para ajudar a polícia a identificar os ingressos. O trabalho de investigação é da polícia e o nosso, é colaborar.” (AG)