Vários integrantes do futuro governo de Donald Trump foram alvo de ameaças nas últimas 24 horas, informou nesta quarta-feira (27) uma porta-voz do presidente eleito dos Estados Unidos. As ações foram confirmadas posteriormente pelo FBI em comunicado, que disse estar “ciente de inúmeras ameaças de bomba e incidentes de ‘swatting’ [trotes] direcionados aos nomeados e indicados da nova administração”. O órgão afirmou estar trabalhando com outras agências de segurança para responder ao episódio, aparentemente coordenado.
“Na noite passada e nesta manhã, vários dos indicados para o Gabinete do presidente Trump (…) foram alvo de ameaças violentas e antiamericanas contra suas vidas e as de seus familiares”, disse em um comunicado a porta-voz da equipe de transição, Karoline Leavitt, sem especificar as vítimas. Segundo Leavitt, os incidentes vão desde ameaças de bomba até “swatting”, uma espécie de trote baseado denúncias falsas com o objetivo de levar a polícia a bater na casa de alguém.
Uma das vítimas confirmadas foi Elise Stefanik, parlamentar designada por Trump para servir como embaixadora dos EUA na ONU. Em comunicado, ela disse que sua casa em Nova York foi alvo de uma ameaça falsa de bomba. Quando foi avisada do incidente, ela estava em Washington viajando com seu marido e seu filho com destino à residência, onde planejava passar o feriado do Dia de Ação de Graças, que acontece nesta quinta (28).
O ex-congressista Lee Zeldin, escolhido por Trump para dirigir a Agência de Proteção Ambiental, também disse ter sido contatado pela polícia sobre uma ameaça de bomba em sua casa. A sua família não estava lá no momento, informou em comunicado.
Indicada por Trump para comandar a pasta da Agricultura, Brooke Rollins, também foi alvo de ameaças. Em uma publicação no X, ela agradeceu aos “esforços rápidos” da polícia de Fort Worth, no Texas, que permitiram que ela e sua família não tenham sofrido “danos”. “Voltamos rapidamente para casa”, escreveu, indicando que estava no local quando recebeu o alerta. “Quero expressar minha profunda gratidão aos profissionais da lei que fizeram o máximo, tanto em velocidade quanto em conhecimento, para nos proteger”, acrescentou.
Bomba tubo
De acordo com informações do jornal britânico The Guardian, Pete Hegseth, ex-comentarista da Fox News indicado para secretário de Defesa do novo governo, também está entre os alvos. Segundo duas fontes familiarizadas com o assunto, que falaram com o veículo sob anonimato, ele foi alertado de que havia uma suposta bomba tubo — um tipo de explosivo improvisado — em sua casa, o que levou um esquadrão antibombas ao local. Inicialmente, não havia ficado claro se a ameaça era real, mas, de acordo com as fontes, nenhum sinal de bomba foi encontrado pelas forças de segurança.
Segundo a rede americana CNN, Matt Gaetz também está entre as vítimas. O ex-deputado foi o primeiro nome indicado por Trump para procurador-geral dos EUA, mas desistiu da posição temendo ser rejeitado pelo Senado, que precisa validar as nomeações do presidente. A saída aconteceu após ele abdicar do cargo na Câmara em meio a um escândalo de má conduta sexual.
A prática de swatting é projetada para criar uma resposta frenética da polícia e assustar e assediar alguém que esteja em casa. Ameaças de bomba e trotes tem sido um problema crescente para as forças policiais americanas desde que se tornou mais fácil entrar em contato com as autoridades ou deixar mensagens ameaçadoras anonimamente. Figuras públicas, como autoridades e celebridades, são frequentemente vítimas de ações do tipo.
O episódio dessa quarta-feira se soma a uma série de ameaças que marcaram a campanha eleitoral deste ano. Em agosto, agências de segurança e inteligência dos EUA acusaram o Irã de estar por trás da invasão por hackers dos sistemas de campanha de Trump e da sua rival na disputa, a vice-presidente democrata Kamala Harris. A nação persa também foi investigada por autoridades americanas por ameaças “concretas” de assassinato contra o republicano. As informações são do jornal O Globo.