Quinta-feira, 20 de março de 2025
Por Redação O Sul | 9 de junho de 2022
As duas meninas alemãs de 10 e 11 anos que estavam desaparecidas desde novembro foram devolvidas aos pais nesta quinta-feira (9) e retornarão à Alemanha o mais rapidamente possível, anunciou o chefe da polícia anti-sequestro do Paraguai.
A menina Clara Egler foi entregue à mãe, Anne Reiniger, enquanto Lara Blank foi devolvida ao pai, Filip Blank, nas Ruínas de Trinidad, um ponto turístico perto da cidade de Encarnación, a 400 km de Assunção, informou Cardozo.
“As menores já estão com seus outros pais sãs e salvas”, disse o comissário Nimio Cardozo em entrevista a jornalistas.
Clara, de 10 anos, chegou ao Paraguai no dia 27 de novembro com o pai, Andreas Rainer Egler, 46 anos, e sua nova companheira, Anna Maria Egler (cujo nome de solteira é Scharpf), de 35 anos. A menina Lara Blank, 11 anos, filha da mulher e Filip Blank, também viajou com eles.
O casal, que foi para o Paraguai com as meninas sem a autorização legal de seus ex-parceiros, supostamente pretendia morar em alguma comunidade antivacina no interior do país. Acredita-se que eles “pertençam a grupos antivacina e neguem a existência de Covid-19”, informou a Coordenação dos Direitos da Criança do Paraguai, ONG que acompanhava a busca pelas crianças desde o início.
Essas comunidades, em muitos casos centenárias, nunca deixaram de receber novos visitantes. Vários dos novos moradores aproveitam as lacunas na lei paraguaia para não se vacinarem ou driblarem as restrições nos seus países de origem.
Em maio, a mãe de Clara e o pai de Lara chegaram ao Paraguai para fazer a denúncia. Os foragidos contactaram as autoridades locais e após vários dias de negociações, as menores foram devolvidas ao meio-dia desta quinta-feira.
“As meninas estão indo muito bem. Parecem muito bem”, disse o comissário Cardozo à AFP. “Nenhuma operação ou deslocamento de tropas foi realizada para que o encontro fosse o mais natural possível, para evitar qualquer situação que pudesse ser traumática para as meninas.”
O desaparecimento das meninas parece não ser um caso isolado, já que os números vêm aumentando desde o início da pandemia. De acordo com o Escritório Federal de Justiça da Alemanha, foram 186 casos de sequestro interparental em 2017. Em 2020, o número chegou a 242, ultrapassando 250 em 2021.
Durante a pandemia, a Alemanha se tornou a nação europeia com o maior número de expatriados no Paraguai, que já são a terceira maior comunidade de imigrantes do país, atrás apenas de brasileiros e argentinos. Pelo menos 1.644 alemães concluíram seus pedidos de residência no Paraguai em 2021, segundo a Diretoria de Migração informou ao El País, quase o triplo de 2020. Até o fim de março deste ano, outros 575 processos foram concluídos.
Alguns religiosos e ultraconservadores veem o Paraguai como um refúgio das vacinas. Oficialmente, há neste momento há 7.731 alemães vivendo no país, mas o número real é desconhecido devido à permeabilidade das fronteiras paraguaias: não é difícil entrar ou sair caminhando ou navegando por um dos 3,7 mil quilômetros compartilhados com o Brasil, a Argentina e a Bolívia. As informações são da agência de notícias AFP.