Quinta-feira, 17 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 17 de outubro de 2016
O jovem Gustavo Riveiros Detter, 13 anos, morreu neste domingo (16) após complicações decorrentes de um enforcamento. Há suspeitas de que o menino tenha se asfixiado durante um desafio chamado “brincadeira do desmaio”, informou Marco Riveiros, tio do garoto.
Gustavo estava na casa do pai e foi encontrado enforcado no quarto em frente ao computador. De acordo com a polícia, as cenas do enforcamento teriam sido transmitidas para amigos do adolescente por webcam.
O “choking game”, como é chamada a prática do desmaio provocado em um jogo de desafio, pode ter sido a causa, de acordo com o tio do garoto. “Estão vendendo morte encapsulada em vídeos. Essa meninada não tem a menor condição de fazer juízo de valor disso”, disse.
O caso será investigado pela Polícia Civil de São Vicente (SP).
Risco para jovens.
Possível causa da morte de Gustavo, a “brincadeira do desmaio” não é uma prática nova, mas tem preocupado pais, professores e médicos por conta de sua disseminação pelas redes sociais.
Casos de mortes de adolescentes que se envolveram nessa “brincadeira” já foram registrados em vários países. Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, entre os anos de 1995 e 2007, pelo menos, 82 crianças e adolescentes, com idades entre seis e 19 anos, morreram no país por causa da prática.
Na França, desde 2000, existe uma associação de pais de vítimas de acidentes por estrangulamento, a APEAS (sigla do nome em francês, Association de Parents d’Enfants Accidentés par Strangulation), que registra uma média de dez mortes por ano. Lá o fenômeno é conhecido como “Jeu du Foulard” (“jogo do lenço”), pois a prática mais popular naquele país consiste em um estrangulamento com o uso de um laço em torno do pescoço.
Segundo a psicóloga Vera Zimmermann, é comum no adolescente a necessidade de medir limites, o que explicaria o crescimento da prática.
“Diante das mudanças pela qual está passando, saindo da infância e se dirigindo à vida adulta, é importante para o jovem provar quem é e do que é capaz. A sociedade, hoje, tem poucos rituais de passagem e, para desenvolver a autoestima, ele precisa de situações que lhe darão a certeza de sua capacidade”, diz Vera.