Sexta-feira, 14 de março de 2025
Por Redação O Sul | 13 de março de 2025
A apresentadora Fernanda Lima, de 47 anos, disse em entrevista recente que as mulheres perdem massa cinzenta (parte do sistema nervoso onde estão os neurônios) na menopausa. “A gente realmente passa a esquecer as coisas, os nomes, o que ia fazer, o que ia dizer…”, comentou.
Apesar da menopausa ser uma fase natural na vida de todas as mulheres, marcando o fim da fertilidade e trazendo consigo uma série de mudanças hormonais significativas, realmente os sintomas vão além das conhecidas ondas de calor e alterações menstruais. Os sintomas neurológicos são chamados de “nevoeiro cerebral”.
“O nevoeiro cerebral, também conhecido como ‘brain fog’, é uma sensação de confusão mental, dificuldade de concentração, lapsos de memória e lentidão de raciocínio. Este sintoma pode ser preocupante para as mulheres na menopausa, afetando suas atividades diárias e qualidade de vida”, explica Dr. Igor Padovesi, ginecologista, autor do livro ‘Menopausa Sem Medo’ (Editora Gente), especialista em menopausa certificado pela North American Menopause Society (NAMS), ao GLOBO.
Além desses sintomas, o nevoeiro cerebral pode manifestar-se através de uma dificuldade em encontrar palavras durante uma conversa, um esquecimento de compromissos ou tarefas importantes e uma sensação de estar sobrecarregada mentalmente: “Esse nevoeiro cerebral não só diminui a concentração, mas também pode prejudicar a tomada de decisões e a capacidade de resolver problemas”, enfatiza o especialista.
Segundo Dr. Igor, essa condição pode interferir na aptidão em desempenhar tarefas profissionais e pessoais, impactando diretamente a produtividade e o bem-estar. “O impacto do nevoeiro cerebral vai além do aspecto profissional. Em casa, as mulheres podem sentir-se desorganizadas, o que pode causar estresse adicional. Muitas pacientes relatam sentir-se menos eficientes no trabalho e mais esquecidas em casa, o que gera frustração e ansiedade”, comenta o médico, que acrescenta que a frustração decorrente desses lapsos de memória e da sensação de estar constantemente distraída pode levar a uma diminuição da autoestima e a um aumento da ansiedade.
E apesar de muitas pesquisas terem demonstrado que há um declínio natural da memória feminina devido ao envelhecimento, principalmente após a menopausa, o Dr. Igor ressalta que a causa exata de nevoeiro cerebral permanece desconhecida.
“É provável que esteja relacionado à oscilação hormonal inerente a essa fase da vida”, diz. “Além da explicação biológica, é nessa fase que muitas mulheres vivenciam situações estressantes e emocionalmente fortes no casamento, no trabalho, com a saída dos filhos de casa e passam a ter dificuldades com o sono e alterações do humor, irritabilidade, angústia. Toda essa desordem psicológica também é danosa à memória e acaba contribuindo para a sensação de nevoeiro mental”, acrescenta.
Sintoma comum
O ginecologista reforça que esse é um sintoma muito comum em mulheres na faixa dos 40 aos 50 anos, mas pode surgir até antes em algumas mulheres. “É um sintoma característico da transição menopausa e dos primeiros anos da menopausa e tende a melhorar com o passar dos anos, não possuindo nenhuma relação com doenças como o Alzheimer”. Porém, para as mulheres muito afetadas pelo nevoeiro cerebral, existem algumas estratégias que podem ajudar a lidar com o problema.
“A terapia hormonal é, comprovadamente, o melhor e mais seguro tratamento para lidar com os sintomas comuns da menopausa, incluindo o nevoeiro cerebral, assim melhorando a qualidade de vida das mulheres”, explica o médico. Além disso, o Dr. Igor reforça a importância do estilo de vida saudável.
“Cultivar uma alimentação equilibrada, praticar exercícios físicos regularmente, realizar atividades que desafiam o cérebro, como jogos de lógica, leitura e aprendizado, além de garantir noites de sono adequadas: esses são os principais aliados no envelhecimento saudável e na preservação da memória durante a menopausa”, finaliza.