Escolas particulares devem reajustar as mensalidades em 2025 entre 8% e 10%. O patamar é o dobro da inflação prevista pelo Banco Central para o fim deste ano, de 4,3%. A previsão é de um levantamento do Grupo Rabbit, consultoria especializada em instituições de ensino.
A pesquisa ouviu 680 escolas particulares de todas as regiões. Minas Gerais deve ter os maiores reajustes (10%). Em São Paulo, que concentra a maior parte das instituições de ensino privadas, a expectativa é que as correções sejam de em média 9,5%. No Rio, a alta deve ser de 9%.
– Centro-Oeste: 9%
– Norte: 9%
– Nordeste: 9%
– Sul: 8%
O CEO do Grupo Rabbit, Christian Rocha Coelho, explica que três fatores são considerados na definição do reajuste: a inflação do período, os investimentos feitos pela escola e o reajuste dos salários dos professores.
O nível de correção das mensalidades é similar à média encontrada para este ano, de 9,2%, como previu a consultoria em 2023. Ainda segundo a pesquisa, os percentuais para o próximo ano letivo sinalizam uma estratégia das instituições privadas de ensino para recuperar as perdas da pandemia, quando houve redução no número de alunos e aumento da inadimplência e da concessão de descontos.
“As escolas particulares registraram 25% de inadimplência e 20% de perda de alunos na pandemia. A perspectiva são de no mínimo cinco anos de recuperação das perdas na pandemia. Se tudo correr bem, em 2026 o cenário será mais equilibrado e os reajustes das mensalidades podem ser mais suaves”, analisa Coelho.
No ano passado, outra pesquisa do Grupo Rabbit ouviu 1,4 mil escolas do País, e constatou que 7% delas estavam com cerca de 10% das receitas comprometidas com dívidas. Para o especialista, isso prejudica investimentos em infraestrutura, como pintura, troca de mobiliário e upgrade de computadores e equipamentos.
“As escolas estão mais ‘velhinhas’, e com margens muito baixas. Os investimentos que estão sendo feitos são os que são tendências de mercado, como os programas bilíngues, onde os alunos têm aulas diárias de inglês “, diz. “Isso cresce numa velocidade vertiginosa, e aumenta o custo, e nenhuma das escolas que ouvimos está repassando isso para as famílias, ou seja, estão absorvendo e perdendo no faturamento”, acrescenta.
Pesquisa nacional
Em agosto de 2024 foi realizada pesquisa para CNN pela Consultoria Meira Fernandes, com 70,14% de todas as instituições privadas existentes no País. Entre os principais custos enfrentados, de acordo com a pesquisa, está o reajuste salarial dos professores e auxiliares, com investimentos extras no corpo pedagógico para atender a alta de laudos médicos emitidos para alunos que demandam cuidados especiais.
Segundo a pesquisa, 38% das instituições tiveram um salto entre 5% e 20% de alunos e matrículas com diagnósticos voltados ao desenvolvimento da educação especial. A maioria foi diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA), seguido de Transtorno do Déficit de Atenção/ Hiperatividade (TDAH) e Transtornos de desenvolvimento intelectual.
O Brasil possui obrigatoriedade legal de as instituições atenderem de forma adaptada e adequada essa parcela da população.
Com isso, os custos de operação ficam mais caros. Nos últimos três anos, houve um aumento médio de 7,65% da folha de pagamento dos professores e auxiliares da administração escolar, conforme o índice dos sindicados dos setores.
Mabely Meira Fernandes, diretora jurídica da Consultoria Meira Fernandes, afirma que esse cenário de inclusão e atenção é importante, mas que o custo para implementação não estava previsto pelos gestores. Além disso, as escolas particulares indicaram que atrasos e inadimplência das famílias também afetam o caixa. Todas as instituições do estudo afirmaram que possuem pelo menos um atraso de mensalidade.
“Por ser um setor com regulações e controles rigorosos, os pais e responsáveis correm o risco de não conseguir matricular o filho no ano seguinte, caso não regularizem a situação financeira, o que faz com que as escolas tenham como característica sempre estarem dispostas a negociação, para manter a relação positiva para ambos os lados”, disse a consultoria. As informações são do jornal O Globo e da CNN Brasil.