Nesta semana terá início a 27ª edição da Conferência das Partes (COP, na sigla em inglês para Conference of the Parties), organizada pela Organização das Nações Unidas (ONU) e que busca discutir soluções e planos para os principais desafios climáticos globais. Neste ano, o evento ocorre entre os dias 6 e 18 de novembro em Sharm El Sheikh, no Egito.
A edição faz parte das negociações entre os 197 países signatários da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC), que viabiliza a elaboração anual das COPs desde 1995.
Na conferência, os países reúnem-se com o propósito de debater a redução de emissão de gases poluentes na atmosfera, embasados nos mais recentes dados científicos que monitoram os impactos atuais e futuros do aquecimento global. Sendo assim, muitas propostas discutidas estão relacionadas com mudanças em modelos e políticas econômicas para reduzir os impactos ambientais.
Em 2021, a conferência avançou em importantes aspectos para limitar o aquecimento global em 1,5°C.
O que esperar
Esta edição da COP deve colocar em evidência temas como o financiamento climático, mercado de carbono e obstáculos geopolíticos.
Sobre o financiamento climático, a pauta se volta à meta de US$ 100 bilhões em financiamento às nações em desenvolvimento que até o momento não foi cumprida e pode ser prejudicada por conta do atual contexto geopolítico.
Segundo o relatório, a falta dos repasses alimentou a lacuna de credibilidade e dificultou a capacidade desses países de planejar novas ações climáticas.
Marcella Ungaretti, head de Research ESG da XP, diz que o financiamento deve ser discutido, principalmente, “para mitigação, adaptação e perda e danos”.
“O que agora é necessário na COP27 são metas claras de financiamento para mitigação, adaptação e perdas e danos, que devem ser complementadas por um plano de entrega dos países desenvolvidos para aumentar a transparência e acessibilidade dos valores financiados, sendo este um tema-chave”.
Além disso, também são esperadas definições sobre o mercado de crédito de carbono, outro tema que foi destaque em 2021 e deve permanecer nesta edição. Uma das maiores conquistas da COP26 foi a criação de regras básicas para definir como os créditos de carbono podem ajudar os países a cumprir seus planos de mitigação das mudanças climáticas.
Enquanto em Glasgow os negociadores concordaram com os princípios, agora, no Egito, espera-se que seja definido uma regulamentação desse mercado e seus mecanismos.
Por fim, as mudanças e consequências causadas até aqui pelo conflito entre Rússia e Ucrânia no Leste Europeu farão parte das conversas na conferência, uma vez que muitos dos planos de países europeus voltados à pauta climática devem sofrer paralisações ou um aumento de prazos para a conclusão.
“O complexo clima geopolítico pode parecer um impedimento para o progresso na COP27, mas também o vemos como uma oportunidade de nova colaboração. Neste ano, os países terão uma nova oportunidade de mostrar seu progresso climático, bem como assumir novos compromissos para um bem comum, e pretendemos monitorar de perto os desdobramentos”, avalia Ungaretti.