Sexta-feira, 22 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 28 de fevereiro de 2020
O MEI representa hoje 94% das empresas que trabalham com alimentação para consumo domiciliar. Segmento de marmitas fitness são tendência
Foto: Patrícia Santos/AENos últimos cinco anos, segundo dados do Ministério da Economia, o número de empresários do ramo de alimentação para consumo domiciliar (que corresponde às marmitas e outras refeições embaladas) cresceu expressivamente no país, passando de 102,1 mil (2014) para 239,8 mil (2019) – o que representa um crescimento de 134%. A explicação para esse salto está principalmente na atividade dos Microempreendedores Individuais, que representavam 91,6% do total de empresários desse segmento em 2014 e que, no ano passado, passaram a responder por cerca de 94% (225,6 mil) do universo de empreendedores registrados. Os últimos números do Portal do Empreendedor (janeiro 2020) confirmam que essa tendência se mantém forte. Apenas entre novembro (2019) e janeiro, o portal já registrou a criação de quase 3 mil novos MEI especializados na produção de alimentos para consumo domiciliar. “O Sebrae está atento a esta tendência de mercado, por isso possui um trabalho direcionado para minimizar a carga de burocracia e permitir que os empreendedores possam seguir atendendo esta demanda crescente, atuando como MEI”, explica o presidente do Sebrae, Carlos Melles.
Os números confirmam a importância dessa atividade já tradicional no país como uma das alternativas mais buscadas no momento do desemprego, mas também indicam um movimento natural do mercado que busca desenvolver novos modelos de negócio que respondam à demanda de um consumidor mais exigente e seletivo, que não está necessariamente disposto a pagar muito mais por produtos de qualidade. Esse público se divide em dois grupos principais. O primeiro busca marmitas frescas e prontas para consumo, normalmente para consumir no intervalo do expediente, em geral no próprio local de trabalho. Nesse caso, há bastante espaço para marmitas mais caseiras e convencionais. Já o segundo grupo procura marmitas congeladas nutricionalmente balanceadas e que respondam a necessidades específicas da dieta, às vezes por saúde, bem-estar ou estética, outras por restrição (ex. alergia, intolerância) ou ainda por uma opção alimentar (ex. vegetariano, vegano). Nesse caso, as marmitas muitas vezes são comercializadas em kits semanais ou mensais, que facilitam a continuidade de uma alimentação saudável ao longo do tempo proposto.
“Desde que abrimos a empresa, há dois anos, nosso faturamento cresceu de 40% a 50%”, afirma Jonathan Mota Vieira, proprietário da SER+FIT, empresa de São Paulo que faz kits de comidas saudáveis de acordo com a necessidade ou por recomendação de nutricionistas. “São pessoas que querem melhorar seus hábitos alimentares ou que trazem a receita e fazemos a alimentação como recomendado”, acrescenta Jonathan, explicando que a empresa trabalha principalmente com legumes, carnes brancas, carboidratos e vários outras fontes de proteína magra.
Diferenciação da concorrência
Os pequenos negócios do segmento de alimentação para consumo domiciliar devem estar atentos à necessidade de aumentar a produtividade e à redução de custos, sem perder de vista a importância de acompanhar as novas tendências do setor. As principais delas são a valorização da origem do produto e de ingredientes regionais brasileiros, além do aumento da sustentabilidade do negócio a partir do banimento do plástico, oferta de embalagens sustentáveis e eliminação de qualquer desperdício. A oferta de alimentos saudáveis com elementos do vegetarianismo, que são substitutos vegetais de proteínas animais, como a carne a base de plantas, é outra tendência em alta, assim como a gourmetização.
Para quem vai entrar no mercado ou já está trabalhando no segmento de marmitas, é preciso também adotar algumas práticas que podem assegurar uma diferenciação diante da concorrência. Nesse sentido, é importante pensar na conveniência e praticidade, além de realizar operações enxutas. O uso da tecnologia também é uma tendência que deve ser usada como aliada, como os aplicativos de entrega ou terminais de autoatendimento.