O efeito mais perverso da crise econômica deve rondar o Brasil pelos próximos anos. A piora do mercado de trabalho vai se acentuar e empurrar a taxa de desemprego para mais de 10% no ano que vem. De abrangência nacional, o desemprego medido pela Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua caminha para superar os 10% no primeiro trimestre do ano que vem.
No trimestre encerrado em agosto, o desemprego apurado pela pesquisa foi de 8,7%, o maior patamar da série histórica iniciada em 2012. O contingente de desocupados chegou a 8,8 milhões de pessoas, um aumento de 2 milhões na comparação com o mesmo período do ano passado.
Pela PME (Pesquisa Mensal de Emprego), cujo levantamento engloba as regiões metropolitanas de São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador e Recife, a piora no mercado de trabalho também fica evidente. Em setembro, a desocupação chegou a 7,6%, o pior resultado para o mês desde 2009. Eram 1,9 milhão de desempregados, 670 mil pessoas a mais do que no mesmo mês de 2014. A última vez que a desocupação superou os dois dígitos na pesquisa foi em maio de 2007.
A retração do mercado de trabalho pode ser explicada pela recessão de 2015, a mais intensa desde 1990, e a perspectiva de uma nova queda da atividade econômica no ano que vem. Como resultado, grandes setores empregadores, como a construção civil e a indústria de transformação, passaram a demitir em um ritmo intenso, e as atividades que ainda mostravam um certo vigor dão sinais de fraqueza. (AE)