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Por Redação O Sul | 20 de maio de 2019
As expectativa para a economia neste ano voltou a cair em pesquisa Focus divulgada pelo Banco Central nesta segunda-feira (20), depois que o BC apontou “probabilidade relevante” de recuo da economia no primeiro trimestre.
Para o PIB (Produto Interno Bruto), a estimativa de crescimento para 2019 no Focus passou a 1,24%, de 1,45% na semana passada, na 12ª semana seguida de redução, com as contas para a indústria caindo 0,23 ponto percentual, a 1,47%.
Para 2020 o cenário para o PIB e para a produção industrial não mudaram, respectivamente de expansões de 2,5% e 3%.
Diante desse cenário, a pesquisa mostrou ainda que o mercado passou a ver a política monetária ainda mais frouxa no próximo ano.
Na semana passada, a morosidade da economia brasileira foi abordada duas vezes pelo BC. Na ata da reunião em que manteve a taxa básica de juros em 6,5%, a autoridade monetária citou o risco de que o PIB tenha recuado ligeiramente no primeiro trimestre deste ano sobre os três meses anteriores.
Dias depois, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, expressou decepção em relação ao desempenho recente da economia, mas ressaltou que o banco não pode trocar inflação controlada por crescimento econômico.
Os números do PIB relativos ao início de 2019 serão divulgados pelo IBGE em 30 de maio. No quarto trimestre do ano passado, o PIB cresceu 0,1% sobre o terceiro e terminou 2018 com expansão de 1,1%, de acordo com dados do IBGE.
A pesquisa semanal com uma centena de economistas mostrou ainda que para a taxa básica de juros Selic, os economistas ainda a veem no atual patamar de 6,5% ao final deste ano. Mas para 2020 a conta caiu a 7,25%, de 7,5%.
O Top-5, grupo dos que mais acertam as previsões, também vê a Selic a 6,5% em 2019, mas calcula a taxa ainda mais baixa no próximo ano, a 7,0%, de 7,21% na mediana das projeções na semana passada.
O levantamento semanal apontou que a expectativa para a alta do IPCA passou a 4,07% em 2019 de 4,04% antes, permanecendo em 4% para o próximo ano. O centro da meta oficial de 2019 é de 4,25% e, de 2020, de 4%, ambos com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
Bolsa ignora PIB
Empresas brasileiras com ações negociadas na Bolsa ignoraram, em suas divulgações de resultados do primeiro trimestre, a piora nas perspectivas para a economia brasileira em 2019 e o dano que um PIB (Produto Interno Bruto) fraco poderá causar nos negócios.
E, para investidores, a mudança tende a reduzir o potencial de ganhos na Bolsa.
Das 63 companhias listadas no Ibovespa (o principal índice acionário do País), 37 não citaram problemas macroeconômicos ou então consideraram a crise um problema perto da superação.
No grupo de pessimistas estão 18 empresas, que, em mensagem a investidores ou durante conferência com analistas e a imprensa, manifestaram preocupação. Já entre otimistas se destacam companhias de capital misto como Banco do Brasil e IRB (resseguro).
“O início de 2019 demonstrou uma tímida melhora frente ao ano de 2018. No entanto, as incertezas políticas levaram a diversas revisões negativas das estimativas do mercado para o crescimento do PIB, indicando uma lenta retomada da economia para este ano”, escreveu o Iguatemi.
Nas últimas semanas, economistas passaram a fazer cortes agressivos nas expectativas de crescimento. O Itaú prevê 1%, menor do que o 1,1% registrado em 2017 e 2018.
Quando o ano começou, o mercado alimentava otimismo com o governo Jair Bolsonaro (PSL) e a aprovação da reforma da Previdência.
Em cinco meses, o presidente está envolvido em disputas com o Congresso e as novas regras para aposentadoria tramitam de forma mais dura que o esperado.
Condições adversas limitam o potencial de alta no lucro das empresas e distanciam o Ibovespa de recordes como os 140 mil pontos aventados por analistas de mercado no auge do otimismo.
A Bolsa fechou a sexta-feira (17) na mínima do ano (89.992 pontos), frustrando aqueles que esperavam ver o índice recuperar os 100 mil pontos testados em março.
“A Bolsa retrata de maneira muito clara a expectativa do mercado como um todo sobre o futuro. Quando se vê a Bolsa caindo, a primeira leitura é que a expectativa do investidor com o lucro das empresas está diminuindo”, afirma Otto Nogami, professor de economia do Insper.