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Brasil Apesar do discurso liberal como pré-candidato à Presidência da República, o deputado Jair Bolsonaro já votou junto com o PT em temas de economia

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Um conjunto de 16 termos, com palavras como "direitos humanos", "PT" e "tortura", tiveram pico no mandato passado de 2011 a 2014. (Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Além do discurso liberal adotado recentemente, o pré-candidato presidencial Jair Bolsonaro, deputado federal pelo PSC-RJ, votou com o PT em temas econômicos durante o segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso (1999-2002) no Palácio do Planalto e todo o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010).

Uma análise da trajetória do polêmico parlamentar mostra a coincidência de posicionamentos do deputado federal com o partido que ele agora execra publicamente. Os textos das ementas dos projetos em que Bolsonaro e PT votaram igual entre 1999 e 2010 aponta um predomínio de temas associados à Nova Matriz Econômica – um enfoque intervencionista da economia.

Segundo analistas, Bolsonaro concordou com o PT nas votações de projetos que tratavam de concessões de benefícios para o setor privado, tais como incentivos tributários, parcelamentos de débitos, créditos orçamentários, fundos, financiamentos e subvenções. Ou sejam uma pauta distante de políticas econômicas de cunho não intervencionista.

Com a aproximação da disputa de 2018, Bolsonaro tem se cercado de economistas liberais e anunciado propostas polêmicas, como a independência do Banco Central. O objetivo: viabilizar a sua candidatura ao Planalto. Segundo fontes próximas, o perfil que ele pretende promover em sua campanha presidencial é o de um candidato liberal na economia e conservador nos costumes.

Mercado

Não é segredo para ninguém quem os economistas e os analistas de instituições financeiras – o chamado “mercado” – preferem ver na disputa presidencial do ano que vem: o ministro da Fazenda Henrique Meirelles e os tucanos Geraldo Alckmin, governador de São Paulo, e João Doria, prefeito da capital paulista. Mais recentemente, porém, um elemento estranho foi anexado à lista: Jair Bolsonaro (PSC-RJ).

O parlamentar e capitão da reserva do Exército passou a angariar apoio após desbancar os preferidos do mercado nas pesquisas eleitorais e despontar como rival do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno. O próprio Bolsonaro se deu conta desse trunfo.

Enquanto Lula seguiu em viagens pelo interior do Brasil com uma caravana sem paz ou amor em nome das reformas, Bolsonaro chegou a se reunir com investidores em Nova York (Estados Unidos), apoiado pelo banqueiro Gerald Brant, da firma de investimentos Stonehaven.

O seu novo combo econômico fala de um Estado mínimo, eficiente e livre da corrupção, além de pregar a redução da taxa básica de juros para 2%. Ele também aceita as privatizações,  o que representa uma incoerência com um político que se diz “nacionalista de carteirinha” e que considera “um perigo” o avanço global chinês.

Em 1999, em entrevista ao apresentador Jô Soares, bem ao seu estilo controverso, ele defendeu o fuzilamento do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso por privatizar a Vale e a Telebrás. Agora, como pré-candidato à Presidência em 2018, já fala em modelos alternativos de privatização da Petrobras.

“Bolsonaro adotou uma atitude que precisa ser olhada com cuidado, mas que segue numa toada mais construtiva: tem sido menos polêmico”, afirmou o economista Ignacio Crespo. A guinada liberal foi recente. Em março deste ano, disse ser “completamente contra” a reforma da Previdência, por exemplo. “É um remendo de aço em uma calça podre. Está muito forte a proposta dele [do presidente Michel Temer]”, afirmou. Em outubro, o tom já era de cautela. “Dá para sair, devagar, dá.”

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