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Colunistas Mérito: tirania ou liberdade?

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O discurso do mérito e a ideia de que o crescimento, individual ou coletivo, deve estar pautado em uma organização social meritocrática.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

O discurso do mérito e a ideia de que o crescimento, individual ou coletivo, deve estar pautado em uma organização social meritocrática – opondo-se essa ideia à de “dependência estatal” ou de desenvolvimento social através da prática de boas políticas públicas lideradas pelo governo – tornaram-se discussão pública. Os liberais, de um lado, argumentam que nós temos razões para desejar viver em uma sociedade em que as pessoas se desenvolvam através do próprio
esforço, e que o contrário poderia ser o prêmio da preguiça. De outro lado, os “estatistas” repudiam a desigualdade e afirmam que a sociedade não cresce, se não cresce como um todo.

Michael Sandel, filósofo e professor de Harvard, repudia a primeira visão (junto a John Rawls) pela ação das “contingências”: o sucesso pode ser determinado, dizem eles, por causas totalmente arbitrárias. O talento nato, a educação que recebemos na infância, onde nascemos e
que tipo de família e bens tivemos, de um lado, e de outro as habilidades que a sociedade valoriza:

Pablo Vittar mora em uma mansão em São Paulo, os professores gaúchos estão endividados e descreditados. É a sociedade premiando a desafinação em vez da cultura.

Amartya Sen, economista vencedor do Prêmio Nobel, afirma que desenvolvimento está ligado à ideia de alcance da chamada condição de agente: “o que as pessoas conseguem efetivamente realizar é influenciado por oportunidades econômicas, políticas, boa saúde,
educação básica e incentivos (…) nutrição satisfatória, assistência médica.” Esses são elementos que a sociedade reunida tem o dever de garantir em larga escala, além de boas razões: o exercício da condição de agente pode não só diminuir a pobreza, mas a violência e outros poluentes sociais que ricos, pobres e governos inteligentes têm razão para eliminar.

É fato que esforço, trabalho árduo e luta contra as circunstâncias devem ser premiados (e a preguiça, castigada). Mas sem a eliminação da privação de entraves sociais e econômicos, coisa para a qual todos devem contribuir, uma sociedade exclusivamente pautada em um
fantasioso mérito corre o risco de se tornar uma grande tirania.

Matheus Pitaméia

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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